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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

frescor

Hoje venho falar-te um pouco de música.
Sendo subscritor de um serviço pago de tv - o MEO, no caso -, inquieta-me a fraca qualidade da aposta deste operador justamente nos canais de temática musical. Contudo não tão fraca como a da gigante e velha ZON, diga-se, que aliás conheci bem por muitos anos.
Ainda assim, o que te venho dizer prende-se não com um canal de música, mas com um canal de moda, o Fashion Tv HD, que por acaso vi uma destas noites antes de adormecer. De facto, não deixa de ser estranho ter a sensação de que se ouve mais musica nova num canal de moda que num canal de musica propriamente.

A música em questão, que dessa vez ouvi, pareceu-me muito original e interessante; apesar da simplicidade da letra, não foi fácil encontrá-la na net. Justamente por ser recente, creio; ao menos para os padrões portugueses, talvez. Your name no name, de Piers Faccini. Mesmo no Youtube não há muita coisa, e para encontrar um video minimamente aproximado ao que queria tive de recorrer à rival vimeo. Quem sabe um não estejamos a falar de um sucesso futuro divulgado em Portugal. Espero que aprecies.

http://vimeo.com/6784704

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

contumácia

Num destes dias, lembrei-me em mais uma reflexão pessoal de pensar acerca do Direito – mais precisamente do porquê do seu nome. Porque é que – e tanto quanto sei não será, de longe, exclusivo da Língua Portuguesa – se convencionou chamar Direito a toda a realidade jurídica orgânica e organizada?

Ora, esta indagação teve forçosamente que ver com o facto de, olhando para aquilo que é parte dessa mesma realidade maior e global, encontrarmos uma dialéctica direito/dever, a qual expressa em todo um subconjunto consagrado daqueloutros. O que me leva a crer, desconhecendo as razões históricas afinal justificadoras de tal opção toponímica (partindo do benigno e, quiçá, suspeito princípio de que existem tais razões), que desde logo tal escolha implica tanto ou mais quanto espelha uma predisposição social, societal até, favorecedora do campo dos direitos às expensas do dos deveres.

E assim pergunto – também muito por culpa de pouco ou nada ter descoberto, por enquanto, sobre o que me interessa saber –, justificadas que estão já a lógica e razão propósito de tal com clareza plausivelmente aparente, se chamar Direito a um todo que não lhe respeita somente não se tratará, portanto e efectivamente, de dar provas de considerar a realidade de forma altamente enviesada, injusta. Além de limitada e hipócrita, claro está. Afinal, truísmo será que preferem o comum dos homens e mulheres os seus direitos aos seus deveres – e isto independentemente da justeza, necessidade e pertinência quer dos primeiros quer dos segundos.

Mas importará dizer, por último, que sendo a lei, digo eu, a manifestação societal de corpo jurídico reconhecido (de valor soberano, legal, vinculativo, significo) que estabelece o comportamento particular do cidadão – e entendamos aqui cidadão como “todo o ser humano em, na sociedade”, benignizando o pragmatismo que aqui encaro como praxis – em relação a dada matéria, conquanto essa não lhe respeite em exclusivo, não está pois o valor ontológico da lei aqui em causa, mas sim a sua integração no tal todo maior que dá, como sabemos, pelo nome de Direito.

Decididamente, a mudança de mentalidades, a meu ver necessária por “mera” questão de progresso, passaria então por substituir a dita designação por uma mais neutral porque menos tendenciosa (e, como tal, limitativa). À falta de maior conhecimento de causa – e mesmo de mais, melhor imaginação, porque não dizê-lo –, sugeria a simples prática de cópia, traduzida tão pragmática quanto honrosamente, da designação inglesa Law – Lei, para nós.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

défice

No que me toca, hei-de aproveitar ao máximo estas oportunidades excepcionais: uma das melhores coisas na minha faculdade é a frequência com que decorrem colóquios, conferências e debates sobre os mais variados temas, seja isoladamente ou em ciclos. Suponho e desejo que assim seja nas outras.

Hoje mesmo passei a maior parte do meu tempo num colóquio interessantíssimo, apercebendo-me mesmo que foi o dia em que mais aprendi ali. Com efeito, é-me muito agradável a oportunidade de estar com pessoas mais ou menos conhecidas a falarem sobre os assuntos que melhor conhecem, e ter no fim da sua oratória a oportunidade de lhes colocar questões, ou mesmo debater com elas os assuntos então visados.

No entanto, não pude deixar de me inquietar por ter sido o único do meu curso a estar presente – disto tenho quase a certeza –, sendo que não é a primeira vez que assim é. E por isto pergunto: o que é uma instituição de ensino superior? Qual o seu interesse e utilidade, a partir do momento em que temos uma adesão residual a eventos tão contributivos para esse “papel-chave” que é a transmissão e partilha de conhecimentos da parte do público a que se destinam – os estudantes?
Ora, em jeito de tentativa de solucionar este insensato problema só me ocorre algo, por mais ingénuo e até simplista que possa parecer: assim como temos um plano nacional de leitura, criarmos um plano nacional de literacia. Porque creio que insta encorajar o quanto antes este gosto pelos eventos coloquiais, por assim dizer. E já agora, porque não criar a rede nacional de organização coloquial, ou coisa do género, para levar "o conhecimento por via da palavra viva", dinâmica porque participada, às instituições de ensino. Mas também às de trabalho, saúde, tempos-livres, e de terceira idade. Afinal, não só a estudar se aprende. E mesmo estudar se aprende!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

sábado, 10 de outubro de 2009

existencialidade

Desculpa-me desde logo o neologismo titular, que não resisto: é que acabo muito provavelmente de dar os meus primeiros passos no pathos da literatura existencialista (e quão tardios se me desprendem!). Ainda que não seja de agora que acredite que passamos grande parte da nossa vida a fazer as perguntas erradas pelos motivos certos – erradas, sim, porque as respostas, de tão fáceis porque evidentes, podem causar-nos grandemente essa dor a que chamo "sentir a consciência", e se traduz de facto em ter a consciência consciência si mesma. Até porque nós somos o que somos; e somos, para além do que, ainda o que queremos ser. E assim se explica porque nunca somos como queremos; e se percebe de igual modo como pensar diferente é estar iludido, pois que desde que somos que somos mais que o que queremos...
A ventura deu-se a propósito de um projecto pessoal a que me venho entregando aos poucos, e que levou o meu irmão a recomendar-me um livro que devorei com prazer nestes três dias. O autor era-me um perfeito estranho, apesar de me soar familiar o seu nome e o da obra em causa, de qualquer modo. Não tenho dúvidas de que seria interessantíssimo, profundamente didáctico voltar a fazer dela estudo obrigatório num 10º ou 11º ano de escolaridade, pois que me lhe senti essa falta...
Não farei nem um juízo que seja sobre a obra, pois tenho perfeita noção de que, tanto valendo per se, nenhum valor acrescentado lhe poderia ser por algum meu comentário. Eis apenas uma citação, estimulante, para meditares,

«Quem é fiel a uma certeza e a pode ver quando lhe apetece? A fidelidade é então só teimosia ou cedência à parte convencional da “nobreza de carácter”, da “honradez”. Não é isso, não é isso que eu quero.»
Alberto in Aparição, Vergílio Ferreira, 1959



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

agastamento

O 5 de Outubro está a chegar uma vez mais e a nossa República faz 99 anos enquanto “regime mais que in facto”, por assim dizer. Ora, eu não sei se é por estar a ficar velhinha, mas… quer-me parecer que anda frouxa! Aliás, tanto o anda que vezes há que mais parece que estamos numa República, sim senhor, mas de bananas. Ou pelo menos assim sou levado a pensar por factos mais ou menos recentes como sejam a recente ascensão a terceiro lugar no nosso parlamento do CDS-PP, partido que é quase que disfarçada, sonegadamente até, pela não laicidade estatal (democratas-cristãos, recordo) – valor a que nos acostumámos desde 1911, e que, como já referi no post anterior, a meu ver é tão extraordinariamente necessário quanto indispensável ao bom funcionamento das nossa instituições políticas –, ou ainda por declarações como a que o Presidente da República fez há dois dias, a propósito do caso das escutas. Falarei agora apenas deste último.
Antes de passar ao tema, e só mesmo para que conste, dizer desde já que há coisas que não deveríamos mesmo ter de escutar. Pelo menos de certas pessoas, mais que não fosse pela esperada seriedade das funções que empossaram. As palavras do nosso magistrado superior não me convenceram de todo: porquê, então, demitir o seu assessor antes de se pronunciar, e porquê não se pronunciar antes das eleições, tendo plena consciência que iria prejudicar sobretudo o “seu” partido, o PSD? É que, como veio agora dar a entender, afinal até concordará com o primeiro-ministro quando este havia nomeado o caso “disparate de Verão”. Ah, mas espera: descobriu-se um e-mail de Abril de 2008! Que aborrecido, senhores governadores da República Portuguesa!
Bom: e enquanto tudo isto, espanto-me, pude ainda confirmar a minha suspeita de que o PSD não é definitivamente um partido familiarizado com os ditas novas tecnologias: se Ferreira Leite já tinha vindo admitir-se pouco à vontade com o “PowerPoint” das câmaras, Cavaco Silva veio agora confessar em público ter perguntando a si mesmo se seria possível o seu electronic-mail presidencial não ser seguro… Que raio de modernidade esta a que Portugal chegou com a República, em que o P.R. desconhece essa realidade contemporânea generaliazada que dá pelo nome de pirataria informática! Definitivamente, é por estas e por outras que sou cada vez mais monárquico e menos republicano: então não é que começo mesmo a acreditar que estas coisas não aconteceriam com um bom rei? Pois se acontecem com um Presidente da República pretensamente bom… E mudaram os nossos antepassados de regime para isto! Ai se eles soubessem… Enfim: que momento chato da nossa futura história política e social, pois que virá a ser lembrado o quase centenário da implantação da República neste claramente vergonhoso contexto presente. (A propósito: sugiro que vejas o próximo Câmara Clara, esse programa da RTP2 de valor incalculável, e que este domingo me promete assaz interessante.)
Mas tenhamos esperança no futuro imediato, e não diminuamos o acontecimento. Além do mais – e parece-me oportuno atentar agora no feliz progresso que tal representa – lembremo-nos que o Homem já consegue viajar no tempo em matéria de tratamento da roupa. Apesar de nem sempre o conseguir garantidamente, também há que dizê-lo. Porém uma coisa é certa: o tira-nódoas, quando bom, é um produto milagroso, digno de idolatria e até da mistificação, porventura – seja pela rapidez do seu efeito como pelo efeito em si, reconstrutor e purificador. Pois então digo eu: que venham outros "tira" sempre que necessário; mas de bem, para bem de Portugal!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

rumo

Aí está o que é: dois meses de férias para o 2.
É óbvio que viria mais descontraído sendo os resultados eleitorais de ontem diferentes! Não posso mesmo deixar de manifestar a minha admiração por esta nova realidade política nacional: um comunista que diz avançar e crescer, tendo na realidade saído a perder no “quadro institucional”; um “trotskista semi-reformado”, portanto mais moderado à partida, que vê duplicada a existência parlamentar do seu projecto político de esquerda alternativa rumo ao socialismo; um popular populista arrebatando um pouco sondado terceiro lugar na assembleia da república, espantando, claro está, pela adesão expressiva da população, ou não fossem a eloquente defesa da meritocracia, autoridade e bom senso estatal e económico tão sedutoras das massas por estes dias; a líder do maior partido da oposição, genuína senhora de clássicas maneiras e maneirismos que, contra todos os ventos e marés possíveis e imagináveis, e ainda mais alguns, consegue ainda assim ganhar a simpatia e confiança de mais cidadãos do que havia conseguido Santana, em 2005, tendo começado já alguns "maldicentes", ironicamente, a advogar a sua própria asfixia democrática no seio do partido; um José Sócra(te)s que, apesar de tudo – e inclua-se também o demérito da principal rival, claramente retrógrada, que admitiu por exemplo não dominar o “PowerPoint” para discursos (quereria a Dr.ª dizer “teleponto”?...), além de não querer ver espanhóis metidos na política portuguesa –, continua a ganhar a confiança do maior número de cidadãos eleitores portugueses, passando doravante a ter de fazer “avançar Portugal” de forma mais justificada, pelo menos. Assim vai este país em quase cem anos de República (e só se conta com o interregno salazarista para que os homens de Hoje possam fazer a festança do centenário, estou na verdade em crer...).
Quanto a mim, basta o conhecimento do quão gratificante foi ter feito do meu voto o do desempate técnico entre BE e CDS-PP na freguesia de Santa Maria de Marvão, para vantagem do primeiro. Aliás, juro que não compreendo o voto da maioria dos eleitores indecisos no CDS desta vez, no PP dos dias de hoje – nos democratas cristãos, portanto –, pois o estado português é laico desde 1911 e, para mim, tudo menos que isso seria um retrocesso flagrante. Talvez seja desta que vão retirar os símbolos religiosos de todos os espaços-públicos – à excepção dos "da casa", claro.
Arrisco, por último, profetizar um solitário governo PS de apenas dois anos, seguido de novo manifesto de sabedoria popular – ou sua ausência – após disputadas eleições para a presidência da república, as quais, prevejo, bipolarizadas como não há memória neste eterno mas sempre tardio pós-25 de Abril. E viva o bloco político deste nosso Portugal Democrático!

domingo, 26 de julho de 2009

noção

Muitas são as ideias mais ou menos lógicas, mais ou menos complexas que me passam pela cabeça, como já tive oportunidade de te dizer. Algumas, acredito, interessantes ao ponto de decidir partilhá-las aqui. Contigo e por nós. Exercitemos, por isso, o nosso raciocínio uma vez mais.
O conceito de liberdade, sobre o qual venho reflectindo de há uns tempos para cá, e com o qual me vou entreter a falar-te agora, reveste-se para mim de singularidades que, se por um lado me ajudarão a entendê-lo, por outro poderão não me ajudar em igual na capacidade para explicar-to.
Considero que a liberdade, enquanto direito e dever, enquanto honra meritória ou imposição social, não existe. Que não podemos sequer procurar colectivizá-la, nem tão pouco enquadrá-la social, politicamente – porque só faz sentido na esfera privada, quero dizer, individualmente, sem dúvida em cada um de todos nós. Considero portanto que só podemos falar de liberdade, quanto muito, enquanto sentimento: sentimento esse que, creio, se quer apaixonado, voluntário; que, em função da sua (maior ou menor) intensidade, pode traduzir a nossa capacidade capacidade – ou, por outro lado, a ausência de tal – de, em dado momento, sabermos ser, estar em harmonia ora para connosco próprios ora para com a sociedade.
(Ainda mais) Pessoalmente, poderia definir a liberdade como prova pessoal de perfeição em constante e desejado aperfeiçoamento: partindo do princípio que a perfeição é, na realidade, todo o ponto de partida – e não o de chegada – (e disto falarei num outro texto, no futuro, com a atenção que lhe acho justa, porventura premente até), agrada-me a ideia de estar preocupado em fazer as minhas escolhas, tomar as minhas decisões do modo mais inteligente, útil e proveitoso para mim. E para os outros, eventual e desejadamente. E sempre que possível e se justifique.
Como pode, então, a liberdade ser alvo de tão hábil manipulação pelo Homem, em particular por homini politicus? Procuro desmascarar a verdade por via do seguinte raciocínio argumentativo, completamente verosímil e lógico para mim: porque, e como pode nascer o Homem em liberdade, sem nem teve a liberdade para escolher nascer?
Diria que daqui se depreende haver liberdade para deturpar a própria percepção de liberdade, mas não nos iludamos: liberdade não significa o mesmo que permissividade. Errada e maliciosamente parece omitir-se o seu lado restritivo – o “responsável”! – sem o saber conscientemente. Ou, pelo menos, assim sou levado a pensar. Ter liberdade não é tudo, mas é claramente uma sua parte importante.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

senso

Gostaria de falar sobre senso – bom senso. Uns saberão do que se trata, outros não, mas a verdade é que não há ninguém que negue conhecê-lo. Possuí-lo, mesmo. Então pergunto: será que todos sabem o que é? E se sabem, será não o demonstrarem uma escolha racional e voluntária, vulgo opção?
Creio que sei o que é este tal de bom senso, e mais: acho que até costumo tê-lo nas várias situações sociais, digamos assim: de uma conversa informal com pessoas da minha idade e conhecidas a uma conversa formal, com pessoas mais velhas e mais estranhas; do comportamento solicitado na sala de aulas ao comportamento exigido num funeral; das palavras utilizadas entre amigos às desejadas proferir, sem concretização, aos que o são menos – muitas são as combinações possíveis, claro.
Eu considero-me bem-educado, gentil, respeitador e capaz de decidir em função dos melhores interesses, que podem nem sempre ser (exclusivamente) meus – é isto ter bom senso, para mim. Simplesmente, não concebo nem me admito tratar os outros como eu gosto que me tratem. (E por isto, compreendes, ninguém me deve censurar.) Mas admito, contudo, que haja outros comportamentos possivelmente até mais capazes que o meu para o atingir... e é por isso que, caso abdicasse da minha combinação – noção, aliada à actuação lhe conforme, digo –, estaria a revelar falta de personalidade, por exemplo; mas, e sobretudo, estaria a revelar também falta de consideração por mim e pelos outros… e pelo nosso bem-estar! Porque, de facto, no meu mundo não sou só eu – sou os outros também, em parte. (E isto independentemente da minha vontade e dessoutras, terceiras). Eis então os motivos pelos quais não o fazer também é, apenas e afinal, uma questão de bom senso.

semelhança II

Foi com surpresa que há dias descobri que o movimento independente concorrente às próximas autárquicas em Marvão não irá ser o único. Na verdade, nem terá sido o primeiro a surgir.
Em http://www.juntospormarvao.org/ podes conhecer o outro, formado há mais de um ano pelo que percebi, sendo candidata a presidente da câmara a bióloga Madalena Tavares, ex-vereadora do tempo do executivo socialista de Manuel Bugalho.
Por comparação ao movimento independente rival fiquei bem impressionado, o que não significa que já tenha decidido o meu sentido de voto. Até porque o mais importante é que o concelho beneficie com a disputa autárquica que se adivinha para este Verão, e simplesmente não posso estar seguro disso: tenho a certeza que Marvão não tem capacidade, pelas suas gentes e dimensão, para suportar um Verão tão "quente". Oxalá me engane.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

semelhança

Tem-se verificado um crescimento do número de candidaturas independentes às autarquias, como poderás ter reparado já. O que me leva a falar disto aqui é a chegada do fenómeno ao meu município, a linda vila de Marvão.
Em http://www.movimentopormarvao.com/ poderás ver por ti, se te apetecer… e descobrir que, apesar de tudo, em toda a semelhança há uma certa originalidade. Ou não estivéssemos nós a falar justamente de Marvão!...
Eu vi com interesse, curiosidade e vontade, naturalmente, qual munícipe devoto. E é mesmo nessa verdadeiramente imensa qualidade que passo então a opinar: do que vi, creio que as pessoas parecem genuinamente entusiasmadas, pois está ali mais do que um simples site em Flash com ligações a vídeos algo futuristas e artísticos no Youtube mas… isto por si só não basta: parecem-me, igualmente, pouco preparadas para assumir tamanha responsabilidade como o é, afinal, uma gestão autárquica: temos distribuidoras de doces, serralheiros e empregados de mesa a participar na corrida eleitoral, entre outras surpresas. Insuficientes, porque logicamente estas pessoas carecem de preparação, e não me parece tolerável qualquer estágio de iniciação administrativa autárquica, porque ao fim e ao cabo é isso que estará em jogo.
E tal independentemente de que autarquia estejamos a falar; mas talvez principalmente no caso de Marvão, que seguramente precisa de gente tão motivada quanto capaz para levar o concelho a voos mais altos. Voos esses de que injustamente carece, mas que tão justamente merece: mais indústria, mais reconhecimento do património, mais promoção cultural concelhia e melhores acessibilidades viárias são apenas alguns. E para minha infelicidade não é com um Movimento por Marvão que vamos lá, mas com Marvão Em Movimento.
Em todo o caso dou os meus parabéns à iniciativa, e deixo o meu desejo de que todos os marvanenses, entre os quais me incluo com orgulho, cumpram o seu dever de pronunciação nas eleições autárquicas deste Outubro.

terça-feira, 9 de junho de 2009

demonstração

Creio que o riso é uma das melhores formas para julgarmos, conhecermos uma pessoa. Aliás, muitas vezes está presente no primeiro contacto.
Se pensarmos um pouco, facilmente percebemos que o sorriso, mais até que o riso em si, é como uma impressão digital: não obstante ser único, a sua individualidade não deixa contudo de ser categorizável, isto é: tal como as várias impressões digitais podem ser agrupadas em arcos, verticilos e presilhas (ou curvas), também os sorrisos podem ser desde logo agrupados como genuínos ou forçados, verdadeiros ou falsos, sentidos ou contidos. Curiosamente poder-se-á dizer que a semelhança entre o riso e a impressão digital chega ao ponto de, como as pessoas que sofrem da estranha patologia de Nagali e por isso têm as pontas dos dedos lisas, também haver pessoas que dificilmente se riem, e/ou quando o fazem aparentam fazê-lo de modo invariável, qual conversa em tom monocórdico, não desnudando eventualmente o que lhes vá na alma.
Ontem, como noutros dias da minha vida, ouvi pessoas rirem-se por malícia de algo ou alguém. De mim, possivelmente. E tal leva-me a reflectir: que outra forma há mais adequada, então, para formarmos o nosso juízo sobre o carácter das pessoas com que privamos – ou privámos –, que não o conhecimento das motivações do(s) seu(s) riso(s)? Até porque um problema que não se põe nestes casos é que bem e mal acabam por originar risos reconhecivelmente diferentes.
Desejo a quem ri por mal dos outros que… passe mais tempo a rir de si próprio, porque não raras vezes há em que mais engraçado isso é! =D

vergonha

Sou português, mas também europeu. Nasci em 1990, mas os meus 18 anos, quase 19 na verdade (se é que faz alguma diferença de todo), não me impedem de sentir desgosto de ter nascido numa parte do mundo que parece nunca ter sabido muito bem o quer para si politicamente. Com uma abstenção em Portugal cujo triste valor – 62,54% – se aproxima perigosamente do da média europeia – cerca de 65% –, não é caso para menos.
A minha consciência permite-me considerar com solidariedade todos os portugueses e europeus que não puderam votar por motivos de força maior e gostariam de o ter feito, mas obriga-me também a condenar todos os que não foram manifestar a sua atitude política às urnas. E que acabaram, no fundo, por dar a grande vitória das eleições a esse seu movimento absentista ridículo.
Como é possível que haja pessoas que não se interessam em (ir) votar? Acaso não têm noção que tal, mais que um direito constitucional, é um dever ético e de cidadania? Logicamente que é por completo preferível ir abster-se na urna a abster-se de lá ir. Esta recusa da maioria das pessoas a dizerem de sua justiça ao negarem o animal político que Aristóteles terá reconhecido em cada uma delas, no fundo à semelhança das que como eu votam, naturalmente… é condenável.
Apesar de particularmente manifesta em eleições europeias – e agora focar-me-ei apenas em Portugal –, a abstenção é um fenómeno que, qual doença crónica grave, vem afectando os portuguesas desde o tal 25 de Abril de 74 por que tantos homens e mulheres ansiaram. Mais estranho se torna, se pensarmos que uma das coisas que previamente se lamentava era precisamente a ausência de uma democracia representativa, legitimada justamente por via sufragista; ora eis-nos aqui, 35 anos depois (e ainda), a agir de forma tão pouco democrática – tão mais egoísta. E reconheço que aqui de pouco serviria provar a essas pessoas por meio de uma ditadura política que tenho razão, pelo simples facto que a minha razão é completamente independente das suas.
Pessoalmente dei-me ao trabalho de percorrer cerca de 500 quilómetros no passado fim-de-semana para votar. Não pus sequer a hipótese de não o fazer porque para mim não se trata de mera opção cívica – é mais, e sobretudo, um natural imperativo de consciência. Porque só eu tenho o poder regimental para depositar a minha confiança em quem quero que me represente no exercício do Poder, logo é irracional da minha parte que não o faça. Assim como acredito ser da parte de quem deliberadamente o não faz: é que os animais também não votam, e eu quero acreditar que Aristóteles tinha razão em relação à generalização anormalmente animalesca que imprimiu ao “bicho homem”.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

direcção

Desde pequeno me lembro de perguntar, fosse em casa fosse na escola, o que era afinal as tais "Esquerda" e "Direita" que se ouvia na tv quando a conversa era sobre Política. Mas nunca ficara verdadeiramente esclarecido: a melhor explicação que conseguira envolvia toda uma panóplia de ideias que me eram feitas associar a cada das "direcções", consoante quem me respondia. Individualismo e comunitarismo; liberalismo e conservadorismo; democracia e ditadura, até – isto para referir apenas alguns dos exemplos mais recorridos.
Lembro-me da penúltima das respostas que obtive, não há muito tempo, que se resumiu a um sorriso envergonhado pela senhora que se tinha deslocado à minha escola do secundário para dar uma palestra justamente sobre política. Achei minimamente estranho; e não foi caso para menos, sabendo como soube naquele mesmo dia que a dita ocupava um lugar de relevo na direcção de um dos partidos com assento parlamentar!
Ora, acontece que faz pouco mais de duas semanas obtive a última das respostas e, quer-me parecer, felizmente a derradeira. Ou pelo menos aquela que sempre desejara ter, quero dizer. E que, de facto, dispensa qualquer das que lhe precederam. Assim foi porque me explicaram, em Direito Constitucional, a real origem do emprego dos dois conceitos.
Simplesmente não deixa de ser a sua razão histórica, no fundo: meses após a Revolução Francesa (1789), tomou início na então recente assembleia constituinte a discussão da organização jurídico-política da “nova” França e, procurando alterar-se a monárquica forma do regime pré-revolucionário, encontraram-se a dado momento sentados à direita na câmara os que desejavam que o rei tivesse poder de veto às leis, enquanto à esquerda estariam os que não o queriam. Poderia explicar mais aprofundadamente, mas não é esse o propósito deste texto.
Percebida a origem histórica, novas dúvidas me surgem: como transpor factualmente tal origem para a actualidade, isto é, como perceber quem está a favor do veto do rei e quem não está nos dias de hoje, por assim dizer. É que já não há rei, mas a Esquerda e a Direita continuam aí.
Penso que, pelo menos em Portugal, há muita falta de informação e sensibilidade para este aspecto da Ciência Política. Sobretudo entre as pessoas das gerações mais novas, como é o meu caso. Pois então, porque foi preciso “chegar” à faculdade para obter uma explicação, afinal tão clara e simples parece-me, para uma dúvida que vinha tendo desde que comecei a ouvir falar de Política? E mais obtive-a sem ter perguntado, até, o que não deixa de ser curioso.
Penso que, em ano de eleições como o corrente, se revelaria extremamente útil para o eleitorado português obter uma explicação sobre o valor dos conceitos e o que os diferencia hoje em dia. Ainda que, a concretizar-se, tal (tentativa de?) explicação pudesse eventualmente revelar-se pouco benéfica para os partidos políticos, admito. E assim sou levado a pensar que talvez os próprios políticos não fossem os mais indicados para fazê-lo, portanto quem estaria então apto para tal? Simples: historiadores em particular, juristas em geral, não faltaria mesmo por onde escolher. Porque não um Prós-e-Contras?
Termino apelando ao bom senso de todos e de cada um: de esquerdistas, de direitistas, mas também dos que se baralham, e mesmo dos que baralhados estão. Exijam compreender a política: não se disponham a arriscar a ser canhotos nas vossas escolhas eleitorais; ainda mais nas ideológicas. É uma questão de coerência, mas simultaneamente um conhecido direito que a todos assiste – direito à informação.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

falta

Há muito que me sei sensível a coisas a que outros não são. E vice-versa. Mas esta julgo digna de ser contada ao (II) Mundo; e não é que devo ter mesmo a mania!, pois esta não vai ser a primeira vez que falo aqui, moralizadoramente, de educação. Para o efeito, dissertarei agora muito brevemente sobre palmas: o seu oportunismo, intensidade e duração exprimem reconhecimento, agrado, os quais diferem tanto porque julgados indivudualmente como porque em função das circunstâncias; não deixa tal acto, contudo, de significar atenção, porventura; até porque é uma importante manifestação de contacto social, no sentido em que constutui parte da luta contra a "pretensa, indesejada ilha" do individualismo solitário. Não obstante, traduz ainda respeito e educação – boa educação.
Poderia agora seguir o caminho da explicação de como se deve bater palmas nos diferentes espaços e espectáculos públicos, em função da natureza dos seus eventos e protagonistas – estes variáveis, como se pressupõe –, até porque não é de agora que me apercebo que a maioria das pessoas não sabe, não pode fazê-lo adequadamente. É: bater palmas tem mesmo uma ciência própria – é mais do que emitir um som estridente juntando as palmas das mãos… E confesso que não sei onde, porquê, como e por quem – e até com quem, se – aprendi a fazê-lo, se é que o sei sequer, mas o facto é que tenho para mim essa noção do como. Sucede, porém, que contra bons factos não há argumentos inteligentes: não sou padre, pai, professor, sociólogo, nem tão pouco sou alguma espécie de entidade competente em matéria de moral – moralidade e moralização, no caso –, e por isso mesmo faço questão de não julgar terceiros, mas apenas de me julgar a mim próprio em sua função. Quando e se possível.
Ora, quero com tudo isto dizer que me ficarei, então, por falar do estranho, surreal, quase inacreditável caso de ontem mesmo, no qual me coube o feliz e isento papel de protagonista passivo: apresentei um trabalho na faculdade, com um colega. É verdade que foi por cinco minutos e que, diferentemente de grupos que haviam apresentado antes de nós, não nos baseámos em algum outro suporte que não as anotações de cada um, tópicos em simples folhas para nos guiar na exposição oral.
Dispensámos nomeadamente o PowerPoint, o que em certa medida traduz a nossa boa noção do pouco tempo que de facto tínhamos, tal como a nossa preocupação em desapegarmo-nos de elementos visuais, quais auxiliares de memória profundos, e a nossa vontade em falar olhos nos olhos com o auditório. Mas o nervosismo nestas coisas raramente não se manifesta, e só os mais experientes conseguem evitar enganos mínimos com astucioso controlo.
Como já poderás tu, leitor (a minha escrita tratar-te-à doravante por tu, e desculpa-me a eventual incorrecta familiaridade, qual forma de comunicação que tenho para mim ser mais madura), ter adivinhado, é o motivo que me leva a escrever este texto a ausência de palmas à apresentação do meu grupo. Não duvidando que a apresentação foi conseguida, até me pergunto é porque terá acontecido tal. (O que não vale a pena, bem (mal!) o sei, pois nunca saberei todas as cerca de quarenta respostas.) Mas, no fundo, apenas me preocupam as ilações, de tão negativas; olhando para mim, não duvido do meu bom senso e interesse, felizmente raras vezes mínimos nestas "coisas" da universidade como em tantas outras, pelo que me rejubila e conforta o pensamento de saber que comigo é diferente – sei-o porque fiz questão de experienciar logo a seguir, ao oportunamente ser o primeiro a bater palmas ao grupo que apresentou em seguida com a intensidade e duração de que o achei merecedor. Folgo em saber, de mim. Realmente, olha que nunca tinha pensado pudesse o acto de bater palmas dar-nos assim tanta informação – de mim e dos outros.

terça-feira, 12 de maio de 2009

obstinação

Nestes últimos dias quase dou por mim a gostar de ler, a querer ler... a querer aprender a gostar de ler, até! O motivo? A Feira do Livro de Lisboa. Pormenores? Sobre a feira não vale a pena: consulte-se o site oficial do evento, que eu definitivamente não sou a pessoa indicada para prestar qualquer tipo de esclarecimentos (nem tão-pouco este é o espaço certo para tal, como facilmente se percebe).
Esta é quase que uma estreia absoluta num evento do género para mim, sendo-o por inteiro no que respeita à cidade em que tem lugar. E a verdade é que já visitei a dita feira várias vezes desde que decorre – e o mais certo é assim voltar a ocorrer até o seu término. Dito isto, segue-se a parte "engraçada", mas nem por isso alegre: faço-o não por prazer na leitura, mas por necessidade e oportunidade: quantas possibilidades se tem por ano de adquirir livros de qualquer espécie e feitio, seja para que finalidade for, e independentemente da nossa motivação para os adquirirmos?
De longe, o momento mais movimentado à hora em que lá estive foi no Domingo passado, entre as 17h e as 18h, e nunca me tinha acontecido encontrar-me fisicamente rodeado por uma multidão que só falava de livros e autores. Não que seja mau, pelo contrário – só me entristece que Portugal só seja cultural em determinadas “feiras”, e não por iniciativa, alta recreação, logo que me veja “atento, venerado e obrigado” a escrever, a postar coisas como esta no meu blog. Lembro-me que entretanto pensei para mim – e egoisticamente, confesso –: mas será que esta gente gosta toda assim tanto de ler, ou é como eu, ou pior ainda? Recordo que estava lá por necessidade e oportunidade, e não para exibir social, publicamente até, os meus conhecimentos de livros, autores e outras coisas que tais. (Parcos, mas isso nem tenho de confessar, que é já óbvio para o leitor.)
Agora, um outro ponto. Outra coisa que certa é também: lá por não gostar de ler não quer dizer que não saiba dar valor aos livros: já se percebe pelo discurso que não tenho como fazê-lo em função do conteúdo em si – será essa, por ventura, uma tal capacidade voluntária ou involuntária que me falta –, pelo que falo mas é da obra como objecto concreto, como bem, peça de valor, que importa inteligentemente estimar. "Um livro é sempre um valor", cedo me ensinou minha mãe, e já diz o ditado que "bom filho a casa torna". Nem que seja só em termos de um ou outro valores que os pais nos legam – chama-se/chamam-lhe/há quem lhe chame Educação, de resto. Sim, porque há quem entenda que deve rejeitá-los – aos valores, quando não aos livros também, que afinal de contas é sobre estes que me importa aqui falar –, não faltando quem o faça de todo, aliás. No que a mim respeita, posso dizer que é uma daquelas coisas que nunca duvidei. Não é o meu caso de facto, para clarificar: ler e conservar custa-me igualmente, e não nego nem diminuo o valor a nenhuma destas duas atitudes.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

importância

Infelizmente, nem todas as novidades constituem real novidade. Nunca achei grande piada a jornais, mesmo a gratuitos, e perguntava-me como tinham as pessoas paciência, vontade, disponibilidade (seja o que for) para "perder tempo pondo-se a par de pretensas notícias do dia anterior". Mais: nem tampouco conseguia entender o(s) porquê(s) de, numa sociedade da tv e da internet como a nossa, as pessoas continuarem a seguir as pisadas dos antepassados mais directos ao procurarem jornais, sendo os de tiragem diária autênticos monstros "contra-natura" pelo desperdício de papel que representam; para já nem me debruçar demasiado sobre o aspecto do "que sai do bolso", pois que é certamente um hábito insustentável para muitos cidadãos em tempos como estes – de crise.
Quão ingénuo! De facto, o mal aqui, salvo o ponto “impacto ambiental negativo”, era só na minha cabeça... E tudo graças ao novo jornal diário português, o i: um euro diário muito bem investido. Digo eu.
Dizem por aí que em formato é semelhante ao ABC, jornal espanhol, e que é único no seu género no nosso país. Não pude deixar de encontrar alguma coisa que me fez pensar na boa Courrier Internacional, revista mensal que assino e que, curiosamente, existiu sob forma de jornal semanal durante a maior parte da sua vida até à data. Até ao momento, permito-me destacar a inesperada curiosidade que considero ser a Nós Românticos, aquela que foi "a primeira de um projecto de 50 revistas sobre Portugal e os portugueses" previstas portanto como suplemento durante os 50 primeiros sábados de existência do i; elejo ainda a entrevista pela ímpar Maria João Avillez a Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, desculpando-me com o riso em mim provocado pela inocência das suas confissões – sobretudo quando o assunto é a amizade com o Presidente Cavaco Silva, com o qual eu mesmo sou aparentado até – para não destacar a muita e credível informação que obtive por qualquer um dos espectaculares artigos da "secção" Zoom.
Naturalmente que não tenho qualquer experiência para fazer juízos acerca de jornais; ainda assim, disponho-me agora correr o risco de ser superficialmente óbvio: para jornal diário o tamanho do i é impressionante; mas não o será menos que a excelência da qualidade da informação, apreciando-a quer ao nível do enquadramento dessa – falo do jogo de cores, caracteres e imagens de fotojornalismo, e mesmo da simples, banal publicidade –, quer no que concerne ao aspecto da quase ausência de gralhas nos textos, feito que considero excepcional para uma publicação que sai a cada 24 horas (excepto Domingos), recordo.
Gostaria de destacar a parceria com o jornal The New York Times, reconhecida referência mundial, que assegura além de um exclusivo todos os dias, pelo menos, também um suplemento às sextas-feiras com o melhor da semana do dito jornal, e em português. E, já agora, porque não dizer também o quão confortável é que a publicação seja agrafada – especialmente quando os dias são ventosos, ou até mesmo quando o chamamento da informação de um qualquer artigo do jornal se manifesta em nós ao caminharmos para uma entrada ou saída do Metro.
Acredito que o i tem tudo para vincar na sociedade portuguesa, contemplando neste meu juízo a pertinácia que desde as primeiras vezes vou crescentemente sentindo por visitar, algo regularmente até, o simples mas bem conseguido site, sem dúvida activo complemento ao jornal “tradicional” (parece que acabo de construir um paradoxo, não é?). E que pode muito bem conquistar um público como eu, que nem o Público sentia apetência para ler. Resta-me desejar longa vida a este projecto que perspectivo logrado e que, estou em crer, me vem ajudando desde quinta-feira passada a perceber o que é um jornal, e qual a sua real importância ainda hoje.

segunda-feira, 23 de março de 2009

compromisso

Como já tive oportunidade de dizer neste espaço, conversar é sem dúvida das coisas que mais gosto de fazer, e dificilmente troco uma conversa séria, franca por uma outra coisa. Uma boa conversa é das melhores coisas do mundo; acho mesmo que os animais irracionais são uns "coitados" por não o poder fazer como nós outros, seres humanos: nascem, alimentam-se, crescem, asseguram a continuidade da respectiva espécie e morrem, sem nunca se "conhecerem"! Nada mais fazem nem podem, sempre, sempre sem poder fugir ao incambiável destino que a natureza lhes impõe. Hoje tive duas conversas importantíssimas com duas pessoas que, apesar de não conhecer há um ano, considero (e não é de agora) ocuparem importante lugar na minha vida. Apesar do desfecho ser mais ou menos o que eu esperava, mau, naturalmente que ouvi com a máxima atenção e seriedade o que tinham para me dizer.
Relativamente a tais conversas quero dizer que admito ter havido severas falhas de comunicação, de expressão e de clarificação de postura da minha parte (o que é de sempre), e que tal viciou a forma como essas decorreram. Admito também que não sou detentor do Conhecimento, da Verdade, da Razão e da Justiça, se bem que procure pautar-me por esses valores nas minhas acções mas nem sempre consiga - como qualquer pessoa de bem, de resto -, ou mesmo que por vezes o consiga mas isso não se note, não seja claro.
Creio que todos temos modos de pensar diferentes e portanto, mesmo que nalgumas situações cheguemos a desejar com todas as nossas forças para que assim deixe de ser, o facto é que não o conseguimos por ser uma característica que não se controla. Ora, o que acontece comigo, estou em crer, é que a esta característica que partilho com todos acresce uma mentalidade altamente contrastante com os que me rodeiam, amigos inclusivé - já foi pior, devo acrescentar, o que me deixa feliz -, e então o facto de pensar diferente em relação a mais que uma pessoa sobre determinada matéria - "pensamento convencionado", chamemos-lhe assim - impede que as pessoas me compreendam, me conheçam bem. Há matérias sobre as quais simplesmente não consigo explicar aos outros o meu ponto de vista próprio, nem mesmo pela escrita, e vi nos últimos tempos como isso pode gerar mal-entedidos, confltios mesmo.
Uma via para assim deixar de acontecer no futuro seria eu mudar as minhas convicções e a minha maneira de pensar para "fazer o jeito"; outra, menos radical e preferível me parece, seria que "quem me conhece me compre", quero dizer, seja compreensivo ao ponto de estar disposto a aceitar que sou mesmo assim e não o faço intencionadamente. Muito menos por mal. Contudo, acredito que há sempre aspectos da nossa personalidade que podemos limar com a ajuda dos outros, pois bem vistas as coisas não custa assim tanto evitar certos impulsos que resultam em atitudes incomodativas para com os que gostamos. Além do mais, afianl não custa assim tanto mudar, desde que seja para melhor!
Porque percebo que, mais do que sem algo, ninguém é alguém sem alguém, também não acho que faria sentido, nem quero, tornar-me uma ilha - obrigado às duas pessoas pelas conversas de hoje. Fica a promessa que não me esquecerei de nada do que me disseram e que, não apenas mas também na esperança de melhorar a imagem que de mim passaram a ter com toda a situação, procurarei mesmo pôr em prática doravante o que aprendi (MESMO) hoje convosco: que tudo o que fazemos deixa impressão - vale pelo que é, mas também pelo que não deixa de ser em relação a uma ou mais alternativas - e portanto tudo merece ser repensado antes de se partir para palavras e para actos. Aprendi que devo ser mais racional, coerente e sério para bem de todos, simplificando.
Mesmo nos nossos piores momentos podemos apreender algum ensinamento, aprendi também.

segunda-feira, 16 de março de 2009

decreto

Morra Israel. Vivam os Judeus, os Árabes, os Muçumanos e outros que tais. E mesmo os ateus e os agnósticos. (E já agora os confusos, os indecisos e os meros simpatizantes, claro.)
Terminei há dias um pequeno, simples trabalho sobre o conflito israelo-palestiniano e - assim julgo, pelo menos - passei a perceber tudo o que não percebia de todo - que não só há uma parte com razão como também há, afinal, uma solução óbvia para o dito conflito: é reconhecer o direito histórico dos palestinianos às suas terras e pôr termo à existência do Estado de Israel, encaminhando cada judeu para sua casa.
Pois esclareçamos os factos de uma vez: Israel não existe como Estado quase desde os tempos de David e Salomão, ao passo que a Palestina tem existido como Estado organizado como tal de facto, ao longo dos tempos, apesar da maior ou menor independência relativamente a vários poderes temporais (e mesmo espirituais, também). Os judeus foram perseguidos insistente, condenavelmente em toda a parte onde os tem havido ao longo dos tempos, é bem verdade e temos pena. E deveriamos ter vergonha e pedir todos desculpa, e jamais voltar a fazê-lo. De igual modo é preciso entender que os palestinianos não lhes fizeram propriamente mal, nem tão pouco têm culpa que Jerusalém também seja uma cidade religiosa capital para o judeísmo. Agora imaginem só que em vez de Jerusalém vos falo de Lisboa...
Por tudo isto (e, certamente, muito mais) me vi forçado a tomar partido palestiniano. Como podem estes, de resto, não enveredar por um confronto armado, violento quando a própria comunidade internacional se apresenta super erradamente ao lado do (in?)justo inimigo?
Como a certo ponto em The Palestine-Israeli Conflict nos diz um dos autores, o palestiniano Dawoud El-Alami,

«How can the Jewish people, whether in Holy Land or elsewhere, a people themselves so badly wronged within living memory, in conscience accept that the creation of the Jewish state has been achieved by the displacement and the continued agony of another people?»


achado

Então mas... não é óbvio? A verdade está na moda! E pensar que desde sempre a procuraram mas que, aparentemente, só eu a encontrei. Sabem onde está?


terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

luvas

Quem não as conhece, e quem se atreve a resistir-lhes? Sem dúvida um interessante objecto, já que nos permite fazer praticamente todo o tipo de serviço sem que sujemos as mãos.
Para mim Sócrates é culpado. A prova? Porquê alegar que a investigação só se desenvolve em períodos de eleição, se se afirma inocente? Ora, apesar de político de hábil intelecto e invejável retórica, Sua Excelência o Senhor Primeiro-Ministro sabe tão bem quanto eu que a investigação está a cargo de entidades estrangeiras... Mas não é tudo: vá-se lá saber porquê, as eleições em portugal não coincidem com as em terras da Grã-Bretanha. Enfim.
Quem não deve estar nada satisfeito com tudo isto é o Manuel Alegre, que vê o seu querido Partido Socialista afundar-se em quezílias internas e externas que no fundo, bem o sabe, só o impedirão de chegar a Presidente da República na próxima eleição. Socialistas: bem podeis começar a rezar para pôr fim à glória de sua magestade todo poderosíssima D. Cavaco I.
Bom: verdades à parte, eu cá o que sei dizer a vossas senhorias é que continuo a preferir uma pessoa que embora não resista a bem se equipar como qualquer mortal com umas belas dumas luvas para um trabalho menos limpo até fala bem, mas sobretudo tem provas de trabalho feito, a uma senhora doutora da mula laranja que, não falando mal - e também, talvez por se tratar de uma senhora à antiga não se lhe conheça episódio em que calce luvas -, chega mesmo a ter provas de trabalho, mas de trabalho desfeito.
Ai de mim, que não confio nas capacidades de escrutínio do eleitorado português. O que me safa é que também nem vou a votos, logo por aí a mágoa com os resultados será concerteza menor. Entretanto uma coisa eu sei: preciso de arranjar umas luvas para as limpezas à minha casa de banho - sem dúvida mais higiénico, e também é mais brilhante o resultado.

realização

Isto é tão indescritivel quanto bom: ontem tive uma conversa noite dentro com um amigo espanhol de erasmus que é também companheiro de casa - e é um excelente ser humano e amigo, diga-se - e de facto pode muito bem ter sido uma daquelas conversas únicas em toda uma vida, em que não nos limitamos a ouvir e a falar: pensamos também, e... ou eu estou definitvamente enganado ou então sinto que a minha mentalidade evoluíu durante esse período.
Obviamente que não me porei para aqui a contar a conversa; de facto, apenas me interessam duas coisas para o propósito deste texto: celebrar a sua ocorrência, porque de facto conversas que correm bem, que funcionam, são algo de muito raro no que a mim diz directamente respeito; dar a novidade de que quero escrever um livro sobre um dos assuntos discutidos, ideia esta que não certamente não me ocorreu ontem, mas antes há já algum tempo. De qualquer modo, não vejo porque não reconhecer que me sinto outro depois da conversa, quiçá um homem mais disperto, mais consciencioso...
Em suma, mais analítico e crítico, mesmo - não exito em afirmar que compreendo melhor a realidade em geral. E tal graças a uma descoberta que fiz (talvez por caso, talvez não) e que, a confirmar-se a sua lógica, a qual já sou capaz de fundamentar mais ou menos bem (ontem provei-o não meditadamente ao amigo de Ciudad Real, o que só pode ser bom...), me permitirá vir a figurar entre os principais homens da história da humanidade. Haverá maior realização pessoal que plena consciência de tal?

burrice

Em Lisboa a casa onde resido situa-se a não mais que 100 metros da portas da famosa Culturgest. No entanto, e apesar de cá viver faz em breve 5 meses, teimo em não visitar o local. Acrescento até, muito lamentavelmente, que só lá fui mesmo uma vez, e mesmo assim não por vontade própria: fui a convite do meu padrinho da faculdade ver um filme japonês. E gostei bastante de tudo, que é como quem diz do espaço, do ambiente e das condições. No entanto, revolta-me esta coisa de não ser capaz de pensar em ir a sítio como este quando estou só. Afinal de contas não serei um homem dado à cultura, e isso não é definitivamente bom.
Acho que a culpa de tudo isto advém de eu não gostar de ler. Nunca gostei, e ainda hoje leio muito menos que o que deveria. Curiosamente, também, uma leitura por obrigação dá-me sempre mais prazer que uma leitura que faço por simples vontade - talvez porque esta em mim rareie, lá está. Com tudo isto, talvez seja mesmo de espantar a qualidade da minha escrita: tantas pessoas conheço que lêem muito - mas mesmo muito mais que eu! - e pior escrevem! Ora isso é que eu não compreendo mesmo: compreendo porque é que as pessoas diferem entre si na velocidade em que aprendem as coisas, por exemplo a perceber uma qualquer lógica matemática, mas não posso dizer que compreenda porque é que não dominamos todos igualmente uma compreensão literária, o que se reflecte efectivamente, ao fim e ao cabo, no melhor ou pior modo como escrevemos. Pensamentos meus, enfim.

sábado, 3 de janeiro de 2009

votos

Muito bem: um ano mais a chegar ao fim. Mas a vida continua - a minha pelo menos sei que sim -, e pelo andar da carruagem só me pergunto mesmo é em que condições. Se 2008 já não se levou tão bem quanto 2007, pior será de esperar de 2009, dizem há já de um tempinho bom para cá... E eu acredito que sim, como passo a justificar.
Eu até nem tenho muito de que me queixar - aliás, considero mesmo que 2008 foi, e não apenas a título pessoal, o ano mais feliz da minha vida -, mas de facto existe uma crise económica de dimensões enormes e cujos efeitos se fazem sentir em todo o mundo. Disso não há dúvida alguma. Agora... eu acredito que a tal crise não se restringe ao domínio económico; acredito que nos deparamos com uma crise civilizacional. Isto porque, sendo quase certo que iremos solucionar esta crise como fizemos com todas as que lhe antecederam, nunca iremos dar solução aos seus responsáveis, isto é, lutar com sucesso contra o seu modo de pensar e de ver o mundo e as coisas do mundo. Trata-se, factualmemte, duma questão de mentalidade - apenas solucionável, creio, se muitas coisas mudarem muito. É fundamental uma atitude de predisposição para cambiar as coisas que, mais que tomada em sociedade, deverá partir da iniciativa de cada um enquanto seu membro inegável que é.
Então e será que não estamos a levar demasiada, (mesmo) cegamente as nossas matrizes civilizacionais básicas - as greco-romanas? É que o que me faz realmente confusão nisto tudo é como é que, apesar de ter experienciado uma evolução a nível da ciência, da técnica e tecnologia, e até a nível do próprio conhecimento, o Homem não foi capaz de ver a sua mentalidade evoluir em igual medida ao longo de todos estes séculos. Se é que se pode mesmo falar em/de medições, porque de facto além de evolução em determinadas áreas terá também havido retrocesso noutras, como são exemplo a questão dos direitos humanos dos emigrantes e refugiados, e a aceitação da orientação sexual "atípica" de muitas pessoas. Já nem aprofundarei o meu parecer (ficará para uma publicação furura, disso não tenho dúvidas) quanto à Religião - sem sobra de dúvida parte fulcral da explicação para compreendermos este ponto em que se encontram hoje as coisas, a meu ver -, que nem tão pouco poderia permitir ver esquecido o (extra)ordinário papel que tem revelado ao longo dos tempos entre nós. Ou por outra, entre muitos dos meus semelhantes (prefiro dizer assim).
Diria que esta crise me ajudou a compreender coisas que talvez não entendesse assim tão bem como pensava... a vê-las com outros olhos. Pelo menos. Até porque me fez alcançar uma verdade quiçá demasiado simples e evidente: que eu sempre vivi em crise. É esta uma estranha sensação que me perturba, pensar que o Homem pode estar condenado à extinção pelas suas próprias mãos. E se não resolvermos a maior crise de todas?
Faço votos que todos os familiares e amigos tenham um ano novo bom, mas sei que há partida é difícil. Não estamos preparados - e não falo por mim de certeza - para ter um presidente dos EUA negro; Obama sabe melhor que eu que corre risco de vida. Pergunto-me então se não estará a Al-Quaeda a vencer a guerra do Afeganistão, travada pelos estado-unidenses - pelo mundo ocidental em massa, melhor dizendo - contra o terrorismo, o fundamentalismo religioso (islâmico, no caso); contra todos os valores morais, éticos, deontológicos que encerra e difunde, enfim. E é que ninguém me tira da cabeça a ideia de que, mais dia menos dia, os árabes estão a invadir a nossa Península Ibérica para a a reconquistarem e libertarem dos cristãos infiéis e impuros. A ideia, apesar de horrível e de me assustar bastante, teria talvez como lado postitivo proporcionar ao Presidente da República um motivo verdadeiramente merecedor de séria comunicação ao país...
Faço também votos para que em 2009 votemos de facto nas eleições que se vão realizar, pois nunca como agora - expressão mais que batida, mas que, vá-se lá saber porquê, nunca deixa de fazer sentido -, acredito, foi tão importante que nos fizéssemos ouvir. Quem sabe seja desta que fazemos da democracia e do regime uma verdadeira re(s)pública. Além disso, talvez nunca como agora tenha havido tanta gente a pensar como eu - que muito há para mudar, começando pela mentalidade. Estou perigosamente maravilhado, estou... expectante quanto a 2009! E que a esperança também comemore passagem de ano...

social

Há por aí muita gente com blog pessoal que tem a mania. Boa gente ou não, não é isso que está em causa aqui. Deveras me surpreendo com as coisas que leio em todo o lado, por qualquer gente proferidas! Limito-me apenas a dizer que sou a favor da liberdade de informação, e da sua ampla e fácil divulgação. Mas desde que tenha qualidade, claro, conquanto tanta gente há que sabe ler mas não sabe interpretar e seleccionar. Mal esse que dá pelo nome de iliteracia! E o que está aqui realmente em causa é isso, tão importante e fazedor de toda a diferença.
Mas facto, mesmo, é que há já muito que eu andava para criar o meu blog, mas por todos os motivos e mais algum isso ainda não tinha acontecido. Talvez no fundo tenha apenas medo de me tornar fundamental, porque pelo menos importante já sou. Julgo por mim. O primeiro passo para a criação de um espaço desses, como vêem, já dei: consistiu em ser convencido e arrogantezinho, e... bom, isso todos somos quando queremos - basta querermos, lá está.
Até que ponto ter um blog nos alimenta o ego, perguntava-me. Tive mesmo de criar este espaço, nem que mais não fosse para que pudesse descobrir, mas... e se não conservar o meu orgulho próprio - a minha dignidade! - , daqui em diante, como é?... Como vai ser??

sentimento

Felicidade... Existirá realmente? O que é, então, e como reconhecê-la? São estas perguntas para que tenho afinal uma resposta, descobri cá por Lisboa =D.
Existe pois! É o resultado de uma sensação de pertença, paz de espírito e alegria combinadas. Reconhece-la quando te dás conta que estás vivo, com saúde e ora amas ora és amado.
A Felicidade é simples, afinal. Por isso digo que sou feliz, às vezes - não que não o seja continuamente, apenas nem sempre me dou conta disso porque estou a pensar numa outra coisa qualquer. Aparentemente menos importante, percebo agora.
Dedico este pequeno texto a todos os que, como eu, dão mais valor às pequenas grandes coisas da vida. Os únicos, de resto, que acho capazes de poderem sentir-se felizes e, também, perceberem porque o são. Vocês contribuem para a minha felicidade ;)

defesa

Descansemos o senso comum e exercitemos a nossa racionalidade: proponho um momento erudito neste meu blog. Trata-se duma daquelas dúvidas que na verdade não o são... Existe de facto um conceito de elitismo em Portugal?
É claro que sim. Em Lisboa é, até, muito fácil dar com ela(s). Tão certo como os lobbies nomeados por Alberto João Jardim (há já uns bons tempos), que de resto andam por aí à solta...
Será que um facto tão simples como seja este de falar d'uma(s) elite(s) me faz aceitá-la(s), e isso dando já como mais que certo que a(s) haja? Enfim, concordar com a sua existência? É claro que não. Jamais. Mas também... como em tudo na vida há um lado bom e um mau; apreciemos a RTP2, por exemplo, e deixemo-nos de lutar contra a literacia! O canal tem uma programação claramente inadequada para estação pública, já que começa por limitar o seu público a alguns, acabando por só interessar a poucos - os tais literados, se quiserem. Ou antes inteligentes, se preferirem. Talvez por isso eu nunca tenha gostado da maior parte dos programas que integram a grelha do canal - simplesmente não me despertam qualquer tipo de interesse.
Mas o problema aqui é que algo está errado, acho, pois sou a favor de um elitismo exclusivamente pessoal, conforme passo a explicar: acho que é bonita de ver, verificar, esta situação pela perspectiva mais respeitosa que nela consigo encontrar. Falo do aspecto de podermos encarar elite como sinónimo de disparidade, raridade, e nesse sentido reconheço que é, contudo, afinal plausível falar da unicidade de cada um e assim tomá-lo como pertencente à sua elite exlusiva. Parece-me este motivo mais que suficente para que também vós reformulásseis a vossa concepção de elite, pois deveria servir de pretexto para que todos olhássemos para todo o nosso semelhante com olhos realistas, estando portanto a considerá-lo raro, escasso, insubstituível mesmo, do ponto de vista do seu valor humano.
A minha elite é, então, um todo fragmentado, porque único e exclusivo; contudo é também um conjunto que todos abrange, na realidade - a minha elite somos todos nós, os genuinamente humanos. Nem nunca me chegou notícia de haver um único macaco que visse a RTP2.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

normalidade

Caros leitores,
Hoje-em-dia vai sendo normal que todos leiamos blogs, e até mesmo que cada um tenha o seu. Admito que até ao Presente - e apesar de saber o essencial de Informática há já alguns anos - foi um mundo que nunca me despertou especial interesse, ainda que me fascine o facto de todos terem o seu próprio espaço na Internet e lhe poderem dar o fim que bem entenderem, sem terem de prestar contas seja a quem for por essa manifestação de liberdade. Crio então este blog, somente meu, porque há já bastante tempo que queria fazê-lo, mas... diz que só agora se proporcionou.
Resolvi chamar-lhe Segundo Mundo porque é disso mesmo que se trata, a título pessoal; quanto à minha identidade, para já conhecer-me-ão por "2", porque é o meu número e lugar preferido (a par do 7, por acaso). O meu principal interesse com esta actividade é expor pensamentos, interpretações da realidade ou simples ideias que me estejam a ir na cabeça sobre determinado assunto - o que de outro modo talvez nunca viesse chegar a fazer. Não irei escrever nele de forma regular, o que não significa à partida que não contribua regularmente - vamos ver o que reserva o Futuro.
Este meu espaço tem normas; por mim escolhidas, é claro. Assim:
a)obrigo-me desde já a não faltar ao respeito a nenhuma pessoa, bem como a não revelar identidades além de figuras públicas ou outros, sempre que se justifique, sem no entanto jamais expor a minha ou a de pessoas que conheço e com quem convivo com maior ou menor frequência;
b)exigo que todos os que comentem o meu espaço no meu espaço o façam com qualidade - apenas espero que redijam os vossos comentários sem abreviaturas, com acentuação e pontuação, como acho que merece a nossa boa e velha língua portuguesa (em suma, coerência e coesão textual é o que se quer);
c)agradeço às pessoas que venham a descobrir a minha identidade que não a mencionem no espaço de colaboração que lhes está reservado - o ideal seria mesmo não revelarem a sua também -, e quanto a tal resolução digo apenas que não tenho de a justificar... nem tão pouco quero fazê-lo (não excluo, ainda assim, uma alteração profunda desta exigência a médio/longo prazo).
Como qualquer documento-lei na vida real este está sujeito a alterações, sempre que eu tal entenda como necessário.
Grato pela vossa paciência, tempo e eventual futura colaboração. Cumprimentos