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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

luvas

Quem não as conhece, e quem se atreve a resistir-lhes? Sem dúvida um interessante objecto, já que nos permite fazer praticamente todo o tipo de serviço sem que sujemos as mãos.
Para mim Sócrates é culpado. A prova? Porquê alegar que a investigação só se desenvolve em períodos de eleição, se se afirma inocente? Ora, apesar de político de hábil intelecto e invejável retórica, Sua Excelência o Senhor Primeiro-Ministro sabe tão bem quanto eu que a investigação está a cargo de entidades estrangeiras... Mas não é tudo: vá-se lá saber porquê, as eleições em portugal não coincidem com as em terras da Grã-Bretanha. Enfim.
Quem não deve estar nada satisfeito com tudo isto é o Manuel Alegre, que vê o seu querido Partido Socialista afundar-se em quezílias internas e externas que no fundo, bem o sabe, só o impedirão de chegar a Presidente da República na próxima eleição. Socialistas: bem podeis começar a rezar para pôr fim à glória de sua magestade todo poderosíssima D. Cavaco I.
Bom: verdades à parte, eu cá o que sei dizer a vossas senhorias é que continuo a preferir uma pessoa que embora não resista a bem se equipar como qualquer mortal com umas belas dumas luvas para um trabalho menos limpo até fala bem, mas sobretudo tem provas de trabalho feito, a uma senhora doutora da mula laranja que, não falando mal - e também, talvez por se tratar de uma senhora à antiga não se lhe conheça episódio em que calce luvas -, chega mesmo a ter provas de trabalho, mas de trabalho desfeito.
Ai de mim, que não confio nas capacidades de escrutínio do eleitorado português. O que me safa é que também nem vou a votos, logo por aí a mágoa com os resultados será concerteza menor. Entretanto uma coisa eu sei: preciso de arranjar umas luvas para as limpezas à minha casa de banho - sem dúvida mais higiénico, e também é mais brilhante o resultado.

realização

Isto é tão indescritivel quanto bom: ontem tive uma conversa noite dentro com um amigo espanhol de erasmus que é também companheiro de casa - e é um excelente ser humano e amigo, diga-se - e de facto pode muito bem ter sido uma daquelas conversas únicas em toda uma vida, em que não nos limitamos a ouvir e a falar: pensamos também, e... ou eu estou definitvamente enganado ou então sinto que a minha mentalidade evoluíu durante esse período.
Obviamente que não me porei para aqui a contar a conversa; de facto, apenas me interessam duas coisas para o propósito deste texto: celebrar a sua ocorrência, porque de facto conversas que correm bem, que funcionam, são algo de muito raro no que a mim diz directamente respeito; dar a novidade de que quero escrever um livro sobre um dos assuntos discutidos, ideia esta que não certamente não me ocorreu ontem, mas antes há já algum tempo. De qualquer modo, não vejo porque não reconhecer que me sinto outro depois da conversa, quiçá um homem mais disperto, mais consciencioso...
Em suma, mais analítico e crítico, mesmo - não exito em afirmar que compreendo melhor a realidade em geral. E tal graças a uma descoberta que fiz (talvez por caso, talvez não) e que, a confirmar-se a sua lógica, a qual já sou capaz de fundamentar mais ou menos bem (ontem provei-o não meditadamente ao amigo de Ciudad Real, o que só pode ser bom...), me permitirá vir a figurar entre os principais homens da história da humanidade. Haverá maior realização pessoal que plena consciência de tal?

burrice

Em Lisboa a casa onde resido situa-se a não mais que 100 metros da portas da famosa Culturgest. No entanto, e apesar de cá viver faz em breve 5 meses, teimo em não visitar o local. Acrescento até, muito lamentavelmente, que só lá fui mesmo uma vez, e mesmo assim não por vontade própria: fui a convite do meu padrinho da faculdade ver um filme japonês. E gostei bastante de tudo, que é como quem diz do espaço, do ambiente e das condições. No entanto, revolta-me esta coisa de não ser capaz de pensar em ir a sítio como este quando estou só. Afinal de contas não serei um homem dado à cultura, e isso não é definitivamente bom.
Acho que a culpa de tudo isto advém de eu não gostar de ler. Nunca gostei, e ainda hoje leio muito menos que o que deveria. Curiosamente, também, uma leitura por obrigação dá-me sempre mais prazer que uma leitura que faço por simples vontade - talvez porque esta em mim rareie, lá está. Com tudo isto, talvez seja mesmo de espantar a qualidade da minha escrita: tantas pessoas conheço que lêem muito - mas mesmo muito mais que eu! - e pior escrevem! Ora isso é que eu não compreendo mesmo: compreendo porque é que as pessoas diferem entre si na velocidade em que aprendem as coisas, por exemplo a perceber uma qualquer lógica matemática, mas não posso dizer que compreenda porque é que não dominamos todos igualmente uma compreensão literária, o que se reflecte efectivamente, ao fim e ao cabo, no melhor ou pior modo como escrevemos. Pensamentos meus, enfim.