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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

rumo

Aí está o que é: dois meses de férias para o 2.
É óbvio que viria mais descontraído sendo os resultados eleitorais de ontem diferentes! Não posso mesmo deixar de manifestar a minha admiração por esta nova realidade política nacional: um comunista que diz avançar e crescer, tendo na realidade saído a perder no “quadro institucional”; um “trotskista semi-reformado”, portanto mais moderado à partida, que vê duplicada a existência parlamentar do seu projecto político de esquerda alternativa rumo ao socialismo; um popular populista arrebatando um pouco sondado terceiro lugar na assembleia da república, espantando, claro está, pela adesão expressiva da população, ou não fossem a eloquente defesa da meritocracia, autoridade e bom senso estatal e económico tão sedutoras das massas por estes dias; a líder do maior partido da oposição, genuína senhora de clássicas maneiras e maneirismos que, contra todos os ventos e marés possíveis e imagináveis, e ainda mais alguns, consegue ainda assim ganhar a simpatia e confiança de mais cidadãos do que havia conseguido Santana, em 2005, tendo começado já alguns "maldicentes", ironicamente, a advogar a sua própria asfixia democrática no seio do partido; um José Sócra(te)s que, apesar de tudo – e inclua-se também o demérito da principal rival, claramente retrógrada, que admitiu por exemplo não dominar o “PowerPoint” para discursos (quereria a Dr.ª dizer “teleponto”?...), além de não querer ver espanhóis metidos na política portuguesa –, continua a ganhar a confiança do maior número de cidadãos eleitores portugueses, passando doravante a ter de fazer “avançar Portugal” de forma mais justificada, pelo menos. Assim vai este país em quase cem anos de República (e só se conta com o interregno salazarista para que os homens de Hoje possam fazer a festança do centenário, estou na verdade em crer...).
Quanto a mim, basta o conhecimento do quão gratificante foi ter feito do meu voto o do desempate técnico entre BE e CDS-PP na freguesia de Santa Maria de Marvão, para vantagem do primeiro. Aliás, juro que não compreendo o voto da maioria dos eleitores indecisos no CDS desta vez, no PP dos dias de hoje – nos democratas cristãos, portanto –, pois o estado português é laico desde 1911 e, para mim, tudo menos que isso seria um retrocesso flagrante. Talvez seja desta que vão retirar os símbolos religiosos de todos os espaços-públicos – à excepção dos "da casa", claro.
Arrisco, por último, profetizar um solitário governo PS de apenas dois anos, seguido de novo manifesto de sabedoria popular – ou sua ausência – após disputadas eleições para a presidência da república, as quais, prevejo, bipolarizadas como não há memória neste eterno mas sempre tardio pós-25 de Abril. E viva o bloco político deste nosso Portugal Democrático!