II Mundo

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domingo, 31 de maio de 2015

veleidade

No país ideal, tudo corre como previsto. Há blogs que não são interrompidos, e pessoas felizes; elementos ideais que não se alteram. Que jamais se alteram.
Quisera eu manter sempre vitalino este blog, espaço prodigioso da comunicação nossa. Mas tu e eu não vivemos nesse país ideal, em que a Ideia sustenta por si só a Razão de Existir.
Sim: desde 2011 tanto mudou na minha vida!... Mas por vezes é tão evasiva quanto invasora, alguma talvez precalça sensação de, apesar do tudo, permanecer o que de principal sempre constou. Numa ideia: a vontade de comunicar-te, meu querido e resiliente Leitor.
Ignorarás talvez algumas ou todas as variadas: morreram pessoas da família, e de igual feição laços a pessoas de anteriormente; ao mesmo tempo nascendo outras, tanto aparitória como apariciadamente (mantém-se o meu gosto pelos neologismos, já te vais recordando), e como tal novos laços se dando e moldando.
É que a vida sempre prevalece enfim – chegando a fazer da própria morte seu cavalo-de-Tróia. Do que às leis das escrita não podemos supor exceção, se não semelhança às leis da humana gente, afinal sua exclusiva produtora. É que um homem só perece quando da Palavra desiste.


sábado, 3 de setembro de 2011

essência

A vida é efémera, sabes? É que o tempo, sendo coisa que não existe de todo, acaba por passar inexplicavelmente depressa. Ou por outra: quem passa depressa somos nós.
Quando meno se espera, eis-nos a pensar na vida: no que foi, no que poderia ter sido... até mesmo no que gostaríamos que viesse a ser. Ainda assim, não será necessariamente incontornável que façamos planos a muito longo prazo; afinal de contas, tudo muda de hoje para manhã: porque cada dia é um dia e ninguém tem o seu Futuro nas mãos. Da mesma forma, aliás, que sempre sempre nos vai o Presente escapando por entre os dedos; e que mesmo o Passado, a ser coisa considerável, imputável, ora se assemelha a um desses muitos pântanos custosos de se sair que há por aí, ora a uma daquelas áreas de areias movediças no deserto e não só. Pois que também é possível experimentar-se o deserto em pleno mar de gente.
De facto, tu, como eu, és ao pé dos outros o que são esses outros por ti e contigo: o que te vêem, e não o que és realmente. Ainda que jamais devas deixar de ter presente que o teu eu perante ti deve significar, para além e acima de tudo o mais o que importa e o que não importa, leia-se , o que és afinal, e que serás sempre. Ou seja: não tanto como gostarias de ser, mas o que és realmente. E tu, como eu, és uma pessoa - a tua pessoa. E o tempo de o saberes não tem Passado, Presente nem Futuro: porque o teu tempo é parte inalienável de ti; e porque ao teu eu com mais ou menos tempo sempre corresponde um ti. Assim és tu.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

primazia

Por estes dias tenho aproveitado boa parte do meu tempo a procurar as minhas origens. Isto porque – algo por acaso, até – descobri que há uma quantidade substancial de informação sobre batismos, casamentos e óbitos no meu município a partir do sítio da Direção Geral de Arquivos. Estes registos paroquiais apresentam, regra geral, informação mais completa e detalhada do que eu pensava; foram os de batismo e casamento tornados obrigatórios pelo Concílio de Trento em 1563, e os de óbito em 1614. Nalguns destes últimos podemos mesmo encontrar as causas de morte, e até o amargor dos parochos para com a falha incúria dos cirurgiaõs, que assim terão impedido os falecentes de receberem o sacramento da extrema-unção. Verdadeiramente fascinante!

Algumas horas de leitura permitiram chegar já a umas quantas conclusões: o meu apelido foi, com efeito, sempre incomum naquelas terras; há fortes indícios de que seja de proveniência espanhola; a zona que habito foi consideravelmente mais importante e habitada até à Iª Guerra Mundial; a variedade de nomes próprios no concelho era muito maior: Tertuliano, Ubaldo, Ventura, e Balbina, Casemira, Felizarda – alguns dos muitos exemplos possíveis.

O facto de ter tido Paleografia contribuiu para que a familiarização com vários tipos de escrita ocorresse com certa rapidez. Ainda assim, há sempre uma ou duas dúvidas pontuais, muitas vezes devido ao mau estado de conservação dos cadernos de assento: em mais antigos há mesmo bocados de folha em falta, devido à decomposição absoluta, irreversível, das folhas. Informação essa irrecuperável. E a minha prévia noção disto mesmo, atestada agora enfim, sustenta quanto baste o meu ponto: que deverá proceder-se o quanto antes à digitalização de todos os documentos afins, bem como à sua preservação e restauro, por um lado, e, por outro, à transcrição da informação neles contida.



sexta-feira, 27 de maio de 2011

convocatória

Estamos a escassos dias das eleições. E perante um cenário que há muito não acontecia – não sabemos qual dos grandes vai ganhar. Neste sentido, aplaudo a decisão conhecida hoje pelo Tribunal de Oeiras, favorável aos pequenos partidos. Porque só puderam ter frente-a-frente os com representação parlamentar, se os partidos a concorrer são 17, e não 5??

Já tive ocasião de exercer antecipadamente o direito de voto, por ser estudante deslocado. O ato não me tomou nem 5 minutos; muito mais que isso gastei a conseguir informar-me devidamente do processo: na junta de freguesia ensinei cortêsmente à funcionária (princípio de Maio) que existiria o voto antecipado... e que já existia o portal do eleitor. Já na secretaria da minha faculdade (na passada segunda-feira) ajudei a esclarecer o processo: afinal, ao menos em Lisboa, não tivemos de aguardar a deslocação ao estabelecimento de ensino do presidente da câmara municipal ou seu representante, mas sim que ir até ao edifício camarário do Campo Grande. Eu até compreendo a diferença no caso de Lisboa, a capital (pobre dr. António Costa, se tivesse de calcorrear todos os espaços, um por um!); e sejamos pragmáticos: afinal o que importa é que possamos votar, seja como for. Só condeno a falta e inoportunidade de informação.

O meu apelo é só um: o rotativismo está falido, e a composição do parlamento fixada em 5 falha. O PS é incompetente, e já ninguém acredita no PM do PS derrubado pela oposição, mas que afinal pediu a sua própria demissão; o candidato do PSD é demasiado flexível, e rodeado está por muitas e pouco confiáveis pessoas; o candidato do CDS é tão popular quanto... populista. O candidato comunista é uma cassete mais que estafada; o candidato do BE é uma desilusão, por não ter percebido que já chegou mais que na hora de ser o CDS da esquerda, isto é, um partido de governação aliável ao PS, com ou sem Sócrates tanto daria. Ora, passados 35 anos desde 1976, parece-me que já tivemos o suficiente desta configuração nos seus traços mais gerais e estatizados (duplamente, leia-se). Por isso, ousemos enfim remodelar a casa nobre da democracia: dia 5, vota o que quiseres que não um daqueles 5 – vota útil.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

anuência

Continuamos em crise, mas a ajuda não tarda. Todavia já estivemos pior, há que o dizer: lentamente começamos a vislumbrar o fundo do túnel. Apesar de ainda ser cedo para perceber que tempo faz lá fora. PS e PSD continuam a digladiar-se por um governo minoritário: “Sócrates parece Hitler, mas sem o bigode”, chegou-me aos ouvidos. Mas Passos lembra aquele Sócrates de outros tempos, ”bem-parecido e de enérgica e admirável oratória”, pelo que todas as pessoas têm razões para desconfiar. Seria irónico, mas não de todo impossível, acabarem os dois num governo de coligação – e no fim ter-lhes-á valido a supervisão do FMI para a legislatura chegar ao fim. Devíamos perguntar-nos o que queremos que eles façam ao nosso Estado Social – só assim se pode votar em consciência a 5 de Junho. Devíamos exigir-lhes que nos explicassem como, já que o porquê todos alcançamos. Sem entrar em detalhes, dir-te-ia que o país está como está porque nunca esteve bem; porque nem os modelos foram funcionais, nem as reformas operadas bem sucedidas, dignas de panaceia. Ora, se a oposição é estranha e o próprio PSD não é concreto, o PS também não tem sido honesto. É o liberalismo mau? É o PSD de Passos Coelho de facto liberalista? E Sócrates, merece continuar primeiro-ministro? As suas desdicências são compensadas pelos seus feitos? Estas dúvidas não podem persistir. Basta!: Digam lá todos à gente, senhores – mas civilizada, ordeiramente, à vez – como estamos, e o que sugerem para nos afastar do precipício. É que já começou a chover dos mercados, e o piso vai ficando escorregadio. Fernando Nobre fez saber há horas pelo facebook que será cabeça de lista do PSD por Lisboa estas Legislativas, sendo mesmo indicado como escolha do partido para Presidente da Assembleia da República. Uma jogada de mestre, diria: presidente da AR ou não, mas deputado garantidamente, acabou o independente e honrado senhor de assegurar o suporte dos sociais-democratas a uma nova candidatura às Presidênciais, em 2016. É: porque o melhor será não contar com o ovo no cú da galinha e Durão Barroso pode ter de ficar para depois... Seja como for – às urnas a 5 de Junho, minha gente, que assim se cuida da democracia. Força Portugal!

quarta-feira, 23 de março de 2011

enfado

É: Portugal atravessa uma recessão grave, transversal e profunda. Mas o pior, como sempre, está por vir.
Eis-nos então chegados, repara bem, ao tão previsível e tétrico (a)final. Oh, que por esta Europeia Periferia dias surreais são os que se vivem!: o Governo vai-se (abaixo) por astuciosas e inconsequentes polítiquices. Lá que o PM foi esperto em provocar isto sem levar o quarto Plano de Estabilidade e Crescimento ao parlamento antes de o apresentar como garantido à Europa, lá isso foi. Só não lhe tiro o chapéu porque já mo comeram as traças em expeculação. Mau: é que foi isso prova de "vis baixezas", como poderia aliás vir reforçar certa personalidade. Olha: são Cavaco nos dê pa-ciência!
Deixo-te aqui de fora as explicações técnicas do dito PEC IV para os verdadeiramente peritos - e isto fazendo boa fé de que os há. Concentremo-nos portanto na contracapa do amargo âmago da questão - a Crise Política. Porque no entretanto será devolvida a palavra aos cidadãos, é de todo o interesse que venha a ficar decidido se se quer manter o rumo de certa austeridade, e tal mais diferentemente até do que muitos incautos e desavisados pensarão à partida; ou se queremos um outro tipo de austeridade - que, em bom rigor, seria mais eficiente. Eu neste particular, devo dizer-te, encontro-me dividido: porque, sendo mais pro-PS que pro-PSD, não partilho da visão de que isto - sejá lá o que for, e como e quão mau estiver - vai lá sem o FMI. Não ignoramos que "Austeridade" é conceito que, para lá de familiar, se tornou parte do nosso quotidiano. Ora, como pude já dizer a alguns, parece-me que a pergunta que se impõe a todos de momento é o que é preferível: se uma austeridade progressiva, independentista porque nacional, soberana, mas que não nos tem dado a mínima garantia de valer o esforço nem o mínimo vislumbre de fim definitivo; se uma austeridade imposta pelo Exterior, de certo mais dolorosa pelo ortodoxo que necessariamente a caracterizaria e ainda assim melhor capaz de garantir a valência de todo esse esforço com benignos retroativos num certo e não tão distante devir.
De todos os cenários constitucionalmente previstos, aquele que prefiro seria o de uma recusa do PR em conceder a demissão pedida pelo próprio José Sócrates, já que assim manteríamos um Governo normal, logo não teriamos em seu lugar um de gestão até às eleições de Maio ou Junho. Esta opção é a única que admito a bem daquela coisa de pai incógnito e filhos desconhecidos que tão presente está no discrurso político atualmente - falo, claro está, do interesse nacional -; dado que só assim poderia entrementes Portugal permitir-se ora um regular funcionamento das instituições democratistas, ora a real capacidade do Executivo respeitar os seus compromissos eur... internacionais. Confesso que, depois de certo esforço, lá me habituei a pensar em Euros.
Uma expetativa genuinamente a priori para o desfecho de tudo isto? Diria que neste momento, independendentemente dos méritos e deméritos de cada ator político, há 70% de probabilidade de Sócrates ser reeleito, com minoria. Cenário que, a acontecer, poderia ainda assim significar um governo de coligação PSD/CDS-PP ou, menos provável me parece, de bloco central. Para manter esta imporantíssima vantagem inicial, o PS só precisaria de se focar, como estratégia eleitoral, no propósito de jogar com o que é conhecido versus o desconhecido para as pessoas. Concretizando: fazer passar a imagem, a mensagem de um PSD liberal, que vem pôr fim ao nosso querido e decadente Estado Providência. Afinal, quantos estão dispostos a dar o benfício da dúvida aqueloutro, o nosso Passos do séc. XXI, homem sobre o qual paira a suspeita de tentar, primeiro na senda de uma reforma constitucional agora retida e depois executivamente, pôr fim ao despedimento por justa causa (lexicalmente falando, ao menos, tanto quanto nos foi possível aferir), ou reformar "antissocialmente" os sistemas nacionais de saúde e de educação? E o Paulo Portas, é fiável? E a Esquerda ao PS séria e responsável, lhe alternativa: qual é?... o que é? Pena tenho eu que Os Verdes não concorram sós (e que os monárquicos não elejam um deputado sequer, já agora, mas enfim).
Irra, malvado rotativismo! Mas também não se pode ter tudo - nem seria desejável a um povo de que se diz viver acima das suas possibilidades! -: se isto não está como na 1ª República, aos milagres limitados da pertença à União Europeia o devemos. A ver vamos no que tudo isto dará, que uma coisa já é certa: isto de Portugal é para continuar: que se "há mais vida para lá do défice", haverá também mais politiquice para lá da crise.

domingo, 13 de março de 2011

protesto

Ontem milhares de pessoas juntaram-se em Lisboa a fim de expressem a sua infelicidade ao mundo. Foi um protesto intergeracional, ainda que sendo a iniciativa inicialmente restringida à dita "geração à rasca". Curioso e irreverente.

Eu respeito e compreendo a lógica desta manifestação, mas se não me juntei a ela foi porque sabia de antemão que não veio contribuir para se alterar o que fosse na prática que é como quem diz politicamente. É que por esta altura o caminho está apenas em votar diferente no momento próprio. Desengane-se por isso o nosso recém-empossado PR, que tão irresponsavelmente veio ora apregoar uma magistratura ativa sem concretizar, ora apelar a um sobressalto cívico sem medir a força da expressão (tanto pelo que vale, quanto mais por ser dita por ele).

Sou dos que acham que as coisas foram "deixadas ao Sócrates dará" por demasiado tempo. Mas, mais que isso, compreendamos que o nosso Primeiro já deu provas bastantes de ser autista no que toca a toda e qualquer manifestação, greve, etc.. Enfim: a quaisquer protestos mais ou menos democráticos, mais ou menos organizados, mais ou menos ordeiros. Depois, não podemos ignorar que o país está demasiado comprometido com as suas responsabilidades no projecto europeu para que haja um voltar atrás no que quer que seja que nos últimos tempos se tem vindo fazer associar a "austeridade". Precariedade inclusivé.

Pessoalmente nunca vi na manifestação espontânea, passional e desorganizada, uma arma política real. E mesmo quanto às programadas tenho as minhas dúvidas. Afinal, ambas convergem no que toca ao efeito produzido per si. Se não, repare-se em como manifestarmo-nos é como irmos à missa: somos instrumentalizados e, se muito bem calha, sem que ao menos conheçamos toda a entidade pastoral responsável , desconhecemos as alternativas e colocamos cegamente a nossa esperança numa posterior reacção por ventura e por hipótese, i. é, esperando que sejam atendidas as nossas preces. Ora eu... por estas e por outras é que sou ateu!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

percepção

O nosso mundo não pára! Pouco depois de me comprometer contigo a revitalizar este espaço, vi-me sem esperar obrigado a adiar isso: 2011 começou cheio de novidades e distrações. Algumas das quais parecem, aliás, ter vindo para ficar. Precisando: se por cá tivemos umas presidenciais surpreendentes, lá fora impõe-se-nos continuar seguindo com todo o interesse aqueles vinticincoabrilescos acontecimentos por terras do Norte de África.

Comecemos pelas presidenciais: foi uma surpresa agradável a votação no candidato que apoiei, Fernando Nobre. Devo mesmo dizer que foi grande alegria pessoal testemunhar sempre que me possível a evolução do discurso e do ideário do candidato, ao mesmo tempo que pude efetivamente sentir, em bom rigor desde a pré-campanha, uma crescente identificação com a suas concepções e interpretações sociopolíticas. Mas mais que isso me surpreendeu, ainda assim, a maior votação no candidato madeirense que no de Viana do Castelo - e isto para já não referir a penosa, infeliz reeleição à primeira do nosso Presidente da República. De facto, no meu caso não seria necessário nascer duas vezes, pois não só não lhe invejo a tão auto-proclamada honestidade como ainda não me falhou a memória - como certamente ocorreu a grande parte dos que, não sendo da sua área política o escolheram, esquecendo portanto a sua incoerência e posições retrógadas e silêncios, do Estatuto dos Açores à Lei de financimaento do Ensino Superior etc.. De facto, para esta maioria cavaquista/neocavaquista perceber que ele não era a melhor opção não foi possível à primeira vida, e daí a coisa ter-se resolvido à primeira volta. É que nem tão pouco fôra o voto útil, nomeadamente para se evitar a tal dispendiosa, prejudicial segunda volta... Mas enfim: rancores à parte, os discursos de vitória falaram por si!

Olhando agora para o Norte de África: ainda é cedo para me juntar àqueles que vêem lá uma bemaventurada reedição epidémica do nosso 25 de Abril: não que me falte a vontade, mas porque não são realidades minimamente comparáveis: falamos de países com cultura social, política e religiosa de tal modo diferente à nossa... O que me faz ser céptico quanto a uma democratização a curto-prazo, e mesmo quanto a um desfecho por demais positivo destas primeiras movimentações. Logicamente que os cidadãos tunisinos, egípcios e outros que tais têm o direito de se juntar a outros povos de todo o mundo - mas não a todos, temos infelizmente de reparar - neste século XXI. E pensar que eu há muito vinha preconizando uma nova invasão árabe da nossa Península Ibérica. Não me ocorreu, de facto, foi que principiasse desta forma...

domingo, 9 de janeiro de 2011

entrega

Parece que tenho tido este espaço um pouco abandonado, pelo que vou tentar resituir-lhe vida neste novo ano. Mais um ano. Hoje venho falar-te justamente de tempo.
O que é o tempo? Existe de facto? E porque o contamos como contamos, e consideramos como consideramos?
Acho que vivemos altamente enganados, prejudicados, já que dependentes da compromissividade que nos é imposta pelo relógio. Sem possibilidade de escolha. E contudo, se é verdade que o passado nos atormenta aqui e ali, também acontece temermos o devir!
Um dia alguém terá capacidade para fazer o comum das pessoas perceber que o tempo é o que fazemos dele. Oxalá esse momento não tarde!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

abnegação

3 de Setembro de 2010. Hoje foi o dia D do Processo Casa Pia. Fez, cumulativamente, nove anos que o mesmo começou. Atendendo ao historial que segundo vários membros da dita instituição, ex-membros e outros se desenvolve pelo menos até aos anos 1970, em boa verdade se impõe reconhecer que há décadas se vinha verificando a necessidade de abrir tal, tamanho processo.


Acompanhei este fenómeno jurídico-mediático durante todo o dia, ora pelos canais generalistas, ora pelos canais noticiosos. Antes de prosseguir, uma ressalva somente: não sou nada qualificado para comentar o caso na sua magnitude e especificidade, porquanto não me envolve, nunca li nenhuma das milhares de páginas do processo nem sou algum entendido em questões jurídicas. Assim, como mero espectador aliás parte indelével desse todo não apurável que é a Opinião Pública fica-me a forte sensação que houve criminosos por julgar; mais: que não houve nem se fez devida justiça para com os agora culpabilizados de jure. Não obstante, interessa-me acrescidamente atentar neste desfecho primeiro do processo em questão (literalmente!) pelo que representa para a nossa sociedade mas, mais que isso, pelo que representa para a Justiça oficiosa deste Portugal.


Digo, sem hesitação mínima nem meditação profunda, que o maior problema do meu país é a Justiça. Assim é porque todo o aparelho jurídico-penal não funciona sempre: é demasiado imperfeito, já que incoerente, moroso; e, como se isso não fosse bastante, é incerto, discriminatório até, já que tão corruptor quanto corruptível. Ora a explicação para tudo isto é, a meu ver, a seguinte: genericamente, entendamos por "Justiça" dada face sólida do Poder, socialmente reconhecida, e que assenta em dois pilares capitais, interdependentes: o controlo lógico e necessário do Terror, feito através dos mecanismos socialmente instituídos, institucionalizados portanto, que têm por missão combatê-lo, seja acautelando-o seja respondendo-lhe conforme a exigência de cada caso; o sentido de justiça na medida do possível partilhado por todos os cidadãos, convencionado pois que deve ser claramente unidireccional e, como tal, capaz de motivar toda uma consciência crítica por parte de todos que se vá traduzir numa alteração de mentalidade, essa consequente e culminantemente corporizável numa mudança de atitude na praxis.


Com efeito, algo há que obstrói o circuito deste segundo e complexo pilar; o que vai afectar, sequente e consequentemente, a conjugação e conjunção de ambos – pelo menos em Portugal, sim. Simplificando: a Justiça é altamente susceptível de falhar por uma questão de inadaptação da mentalidade portuguesa à forma de lidar com as injustiças que podem acontecer no Presente. O que tem como efeito prático, de entre outros que entretanto tenhas aferído do que venho dizendo, a não revisão das leis no sentido de readaptar as instituições responsáveis – ou, ao menos, a revisão da legislação conforme necessariamente imperioso, isto é, ao que a cada momento é tão mais acertado quanto se carece.


Há que dizer, pois, que nesta era do digital, do micro e do nano – e que porventura alguns perspectivarão até como a era simplex – não poderíamos deixar de estranhar, desconfortadamente, o que nos surge como evidente: algo ironicamente, um apego demasiado bacoco às leis mais penosas… e quantas delas ínvias! Afinal, o problema maior reside não tanto em serem antigas, mas em nunca terem sido real, constatavelmente bem feitas. Fugazmente, tomemos o exemplo da hipótese jurídica que dá pelo nome de prescrição. Que sentido faz a prescrição de um crime de pedofilia? Que sentido faz, de todo em todo, uma qualquer prescrição negativa ou extintiva? Não se ache, pois, que justiciar (conhecer-se a justa aplicação da Justiça, significo) é sempre uma questão de tempo.


Cheguemos enfim ao ponto de cruzamento das ideias expostas neste texto: este primeiro desfecho do Processo Casa Pia importa-me – e creio que deve importar também a ti, de resto – porque, expondo algumas das fragilidades da Justiça Portuguesa e dificuldades da sua aplicação, assim como vários e severos seus podres, não deixou todavia de ser um raro exemplo da sua ainda possível exequibilidade. A justiça possível, diria. E isto, note-se, à partida independentemente até de satisfazer a orientação da nossa Opinião Pública, essa a todo o momento mais ou menos determinável. Até porque se outro o caso fosse, muito haveria a lamentar, e que condenar. Como tão lucidamente veio entrementes considerar certo advogado envolvido neste processo, olhemo-lo como pedagógico. E, digo eu agora, tendo-o em mente, queiramos não permitir que de Futuro a Justiça volte a demorar nove ou mais anos a efectivar-se.



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

arcaísmo

Hoje abordo a noção de arcaísmo. Trata-se de um tema que muito me interessa e que de certo modo me diz bastante, até. E sobre o qual desejo há muito escrever! Mas comecemos por contextualizar a coisa.

De há alguns anos para cá comecei a interessar-me pela origem das coisas – ideia que não te é nova, decerto. Poderemos, quiçá, falar de alguma espécie de obsessão de foro gnosiológico, e que ainda remanesce. Sou pois um purista, quando possível.

Apesar de pouco dado a leituras, como já tive oportunidade de te dizer, ansiava expandir o meu domínio vocabular, e a alternativa que mais prontamente se me afigurou foi fazê-lo de forma vernacular, necessariamente, já que sempre me haviam despertado curiosidade livros antigos, e tinha a fortuna de existirem alguns na minha própria casa. Sem embargo, recordo-me com incerteza que talvez o fascínio tenha surgido ainda no Ensino Básico, com a leitura do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente: maravilhava-me o Português antigo em si, bem como a mestria do autor quanto à habilidade da conjugação que cunhara para comunicar na nossa Língua – a Língua Portuguesa.

A experiência inteira que venho referindo tem sido rica e frutuosa; além do mais, toda esta situação de aprendizagem prazenteira conheceu a sua própria evolução, amadurecimento: passei, pois, do simples contacto exploratório e pontual com a literatura de terceiros de outros tempos para a inclusão dos seus vocábulos na minha própria escrita – e, conquanto ocasionalmente, revendo-me e abraçando também os seus ideários, noções e vontades. Apesar de tudo não me sinto pretensioso, vaidoso, ostensivo nessas opções – nesta atitude que é, ao fim e ao cabo, um estilo que cada vez mais reconheço e trabalho, pois que o tenho como o meu. Não poderia nem quero, dizia, sentir-me e comportar-me de modo hostil no seio da sociedade, em resultando da minha escrita: procuro ser, digamos, um coleccionador filantropo da Língua que não se acanhe de dar uso ao seu espólio. Mesmo que no decorrer dessa empresa me veja sujeito a envídias descuradas e zombarias taroucas, aliás por mim inalcançáveis em matéria de lógica e senso.

Um outro efeito não menos importante desta vera odisseia pessoal foi, claro está, ter mudado a minha percepção do conceito de arcaísmo. De facto, se antes julgava – e creio que em companha da maior parte dos espíritos – que aquilo que se considera arcaísmo é, algo literalmente, para “deixar na arca” do passado da Língua, hoje consigo pensar bem diferente – orgulhando-me disso, aliás. Entendo, pois, que todas as palavras têm o seu valor inegável, esse não minimizável nem desconsiderável apesar do desgaste a que mais ou menos se vai cada vendo sujeita com o passar do tempo. Em suma: as pessoas morrem, as palavras não. Pelo que as línguas morrerão só mesmo se deixarmos.

Percebe, pois: não se trata de imitar o antigo, de querer reviver o passado; não se trata de começar agora a escrever nas formas primitivas (embora eu seja da opinião que não faria mal a ninguém uma História da Grafia, ainda que básica… e como lamento não ter eu próprio tido essa oportunidade na escola!), com o intuito de ridicularizar os termos que poderemos considerar como tendo uma premência semântica (mais) actual; não se trata de vaidade exibicionista de cultura, conhecimento, versatilidade, etc..

Trata-se, sim, de uma escolha pessoal coerente com toda uma mundividência, já que ecoa para lá dos domínios da escrita e da oralidade enquanto instrumentos quer pragmáticos, quer artísticos à nossa disposição. Porquanto é escrever recorrendo a tudo o que existe para me expressar o melhor e mais acuradamente possível, sem tabus nem outros tipos de barreira que não a da literacia esclarecida, quero dizer, o sentido exacto que as coisas têm, dado não poderem tê-los a todos cumulativamente. Curiosamente, reparamos, assim acabo combatendo, ainda que de guisa inconsciente, uma tendência particularmente incidente nos nosso tempos, e que pelos vistos se faz também sentir em domínios do idiomático. Falo do consumismo ávido, desenfreado do que é novo ou recente, por tal novidade, e que tem como um de entre vários resultados visivelmente devastadores a rejeição, a condenação ao esquecimento e o voto ao abandono daquilo que precede, do mais antigo ao imediatamente anterior, por o considerar ultrapassado, decadente – incapaz até de continuar a satisfazer a necessidade que havia servido, e para a qual havia possivelmente sido criado.

E por aqui me fico. Mas não sem te deixar um apelo involuntário: que também tu lutes contra as amarras dos mais fortes e tradicionais preconceitos/pressupostos sociais e… dês volta à Arca! Quem sabe, como eu, te divertes pelo meio, e virás a sentir-te mais entusiasmado e rico, porque mais e melhor conhecedor de ti mesmo e do nosso mundo.

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

novidade

Está por nascer o homem novo.


Alguém sensível e preocupado.

Alguém compreensivo e coerente.

Alguém honesto e educado.

Alguém interessado, inteligente.


Está por nascer o homem novo?

domingo, 25 de julho de 2010

alternância

Este ano, creio ter descoberto que não existe aquilo a que chamamos de férias; há, isso sim, uma variância de ritmos de trabalho. De facto, qualifico engraçadamente de variância tal suceder porque ninguém quer uma qualquer variação; quererá antes uma (ou alguma, consoante o caso) que não ponha em risco um equilíbrio que é pessoal e intransmissível. E que deve, aliás, ser perfeitamente conhecido por cada um à partida.

Ora, nestas pausas que todos vamos tendo, e que são geralmente por nós tanto apreciadas, salta à vista a maior facilidade e mesmo apetência para o exercer do descanso. As próprias actividades por que optamos são diferentes: coisas que, à primeira vista, consideramos mais leves porque menos exigentes, mais prazenteiras porque interessantes. Mas que, sem embargo, não deixam de nos fatigar – já que, como qualquer coisa na vida, nos requerem certo esforço. E até o tempo, o próprio tempo, enquanto conceito que por norma temos altamente presente durante todo o ano, nos permite a rara, difícil excepção de perdê-lo. O relógio esquece-se no braço, em casa até, com muito mais facilidade.

Claro que só nos pode fazer bem quebrar a rotina momentaneamente: seja substituindo-a, seja cessando-a. Na verdade, alimentam vários doutos em neurologia que é procedimento a ter em conta para prevenir doenças como a terrível alzheimer! Mas, ainda assim, é de evitar o repouso absoluto, o descanso total, o ócio por completo. Tudo o que se faz deve ser proveitoso, mesmo que a nível puramente intelectual. É, quiçá, esse o verdadeiro descanso – e o melhor de todos. Seja lá como for, fundamental é aproveitar todo e cada momento.

sábado, 26 de junho de 2010

literacia

Em claro tom de desabafo, o primeiro-ministro, José Sócrates, disse recentemente sentir-se muitas vezes só a puxar [pelas energias d]o país. Eu poderia aproveitar esta frase como ponto de partida para alguma reflexão política, mas não irei fazê-lo. Prefiro falar-te da emoção pessoal que tal dizer provocou em mim.

Supondo-o sincero nessas suas palavras, obrigo-me rever no primeiro-ministro. Pois tal como ele, também eu me sinto só na minha atitude positivista, animadora, incentivadora, etc.. E é em muito graças a isso que me espanta o facto consumado que é dizer tanto aos outros e receber tão pouco em troca.

Com efeito, por vezes sinto-me diferente pela minha atitude, que entendo como misto de curiosidade pessoal e ímpeto social. Estaremos no domínio da sensibilidade?

Ultimamente tenho lido bastante. Talvez já goste mais de ler. Seja como for, uma coisa é certa: agrada-me na literatura a sua constância e transparência. Para mim, quanto mais clara a forma de que se reveste a mensagem a passar pela obra literária, melhor a literatura. Porquanto mais útil e agradável a própria leitura. De facto, infelizmente nem todos têm capacidade de escrever bem. O que significa, forçosamente, que nem todos conseguem exprimir-se com sucesso pela escrita. Vivemos num mundo de pontuação selvagem, e em que a própria sinonímia chega a ser sinal de confusão e ignorância. "Bom-dia" não é o mesmo que "bom dia": temos, por consequência, quatro tipos de pessoas: as que não o sabem; as que não o sabem mas até gostariam; as que o sabem mas não o porquê de tal; as que sabem e compreendem o porquê, o sentido de assim ser.

Acaso, seria eu razoável se considerasse que os livros me oferecem mais que as pessoas? Ainda que preferisse a hipótese de não aceitar a realidade – o que me seria impossível , não posso pois entender tal como justo; nem tão-pouco creio legítima a comparação. Não obstante, talvez a maior e mais saliente diferença seja esta: os livros são abertos por quem queira, ao passo que as pessoas abrem-se se e a quem queiram. Mas há que aceitar a coisa com a resignação que se impõe – da mesma forma que nem todos os livros nos interessam, não valemos, cada um, o interesse de todos. Repare-se que, aqui mesmo, com alguma inocência e bondade poderia ter feito pergunta pertinente, em vez de pertinaz observação.

Se os livros fossem pessoas talvez não falassem tanto. Se as pessoas fossem livros, talvez fossem mais coerentes e compreensíveis. E, contudo, nem todos poderíamos ser livros ou pessoas – ou a própria vida não seria uma experimentação concreta.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

bonifrate

Ele há coincidências assustadoras e fantásticas. Oh se as há!

Conversando com o meu irmão, dei-me conta que nos últimos tempos temos vivido uma ou duas experiências sociais assaz semelhantes: aqui e ali, acabamos por vir a descobrir que há pessoas que não merecem o tempo que outrora lhes dedicámos. Que talvez nunca o tenham verdadeiramente merecido – ainda que, diga-se em abono da verdade, a culpa de não percebermos logo tal recaia em parte sobre nós próprios.

Não se trata de modéstias nem vanglórias pessoais (ou de família!), qual gesto de conforto do ego; trata-se apenas de falar verdade: o único mal que fica de se ser superior a outros é vermo-nos depois, sempre e a todo o momento, privados de partilhar com essoutros tal superioridade. Só nossa – valor absoluto em termos comparativos específicos, leia-se. E tão manifesta que ela acaba, mais tarde ou mais cedo, por nos surgir. Que respeito por quem não nos respeita? Para quê falar a quem não nos quer ouvir? De que servem as explicações merecidas, quando dadas a quem não tem nelas o menor interesse? Porquê insistirmos em recuperar algo que expressamente nunca foi como até então sempre percepcionáramos (ou, pelos menos, era tal a nossa tendência)?

Alguém de quem nunca tal iria esperar disse-me certo dia “deves mudar ou vais tornar-te numa ilha”. Não me esqueci, e acho mesmo que nunca me esquecerei de tais palavras. Tão duras e tão injustas – contudo tão verdadeiras em certos momentos! Mais me transtornou perceber, com o passar do tempo e por me ver forçado a convívio circunstancial com tal criatura de deus, que essa mesma pessoa se havia na verdade tentado projectar em mim. Fê-lo sem sucesso – observa-se. Com efeito, falo de alguém de mau carácter como poucas pessoas conheci; de alguém que é feliz à custa da infelicidade dos outros, e cujo prazer e satisfação pessoais são uma possibilidade atingível pela via da falsidade, da ironia e da maledicência. Pois eu não sou assim. Mais: nem conseguiria sê-lo, mesmo que quisesse!

Defeito ou feitio, este meu? De que me vale ser assim, se sou das poucas excepções? Oferece portanto perguntar: serão estas experiências evitáveis, contornáveis? Infelizmente, creio que não. Se descobrimos que não podemos mudar o mundo, isso deve-se, antes de mais, ao próprio mundo não compreender que precisa de ser mudado! Adoro um provérbio que descobri há uns meses, e que reza assim “o diabo está nos detalhes”. Creio que se pode aqui enquadrar, talvez com uma ligeira adaptação a este melindroso contexto que constitui, afinal, o tão denso quanto surpreendente domínio das relações sociais: “o diabo revela-se-nos nos detalhes”. Porque a fronteira entre bem e mal, sendo ténue, tem de ser identificável.

Recordo-me – e vem a propósito – dum episódio pessoal que ilustra bem como não bate a bota com a perdigota... como impera o faz como eu digo – não faças como eu faço: estava eu no 10º ano e, em visita de estudo, parávamos numa área de serviço para tomar pequeno-almoço. Ora eu, que então como hoje nunca dediquei o meu tempo a reflectir desnecessariamente sobre o real e óbvio impacto das pessoas no ambiente, limitando-me a dar conta e recado do que comigo é, achei-me entretanto a correr desenfreadamente atrás do plástico da palhinha do pacote do leite, que se soltara e de mim fugia ao sabor de certa ventania. Enquanto isso fui reparado, comentado, zombado por todos os colegas que presenciavam a cena. Inclusive por uma colega que, ao menos naquela altura, se dizia ambientalista – a mesma colega, na verdade, que também não hesitava em mandar o papelzinho da pastilha para o chão quando bem lhe apetecia. Fiquemo-nos por aqui (ao menos por agora) em matéria de historietas tristes para e bem à laia de certos terceiros. Porque, constato, nem o passado recente foi mais risonho. Eu na universidade até tenho Ecologia Humana! – que é coisa que tanta gente que por aí há precisa mais. Que tanta gente precisa. Que se precisa. Enfim: disso e de real formação cívica.

Outra conclusão que fica é, portanto, que o mundo funciona suportado em falsas morais; salvo excepções importantes porquanto minoritárias. Ora, a coisa não pode correr bem quando temos ateus a quererem ser mais papistas que o papa. Enfim: sensibilidades, sempre diferentes – que nasceram e que hão-de morrer com cada um.