Muito bem: um ano mais a chegar ao fim. Mas a vida continua - a minha pelo menos sei que sim -, e pelo andar da carruagem só me pergunto mesmo é em que condições. Se 2008 já não se levou tão bem quanto 2007, pior será de esperar de 2009, dizem há já de um tempinho bom para cá... E eu acredito que sim, como passo a justificar.
Eu até nem tenho muito de que me queixar - aliás, considero mesmo que 2008 foi, e não apenas a título pessoal, o ano mais feliz da minha vida -, mas de facto existe uma crise económica de dimensões enormes e cujos efeitos se fazem sentir em todo o mundo. Disso não há dúvida alguma. Agora... eu acredito que a tal crise não se restringe ao domínio económico; acredito que nos deparamos com uma crise civilizacional. Isto porque, sendo quase certo que iremos solucionar esta crise como fizemos com todas as que lhe antecederam, nunca iremos dar solução aos seus responsáveis, isto é, lutar com sucesso contra o seu modo de pensar e de ver o mundo e as coisas do mundo. Trata-se, factualmemte, duma questão de mentalidade - apenas solucionável, creio, se muitas coisas mudarem muito. É fundamental uma atitude de predisposição para cambiar as coisas que, mais que tomada em sociedade, deverá partir da iniciativa de cada um enquanto seu membro inegável que é.
Então e será que não estamos a levar demasiada, (mesmo) cegamente as nossas matrizes civilizacionais básicas - as greco-romanas? É que o que me faz realmente confusão nisto tudo é como é que, apesar de ter experienciado uma evolução a nível da ciência, da técnica e tecnologia, e até a nível do próprio conhecimento, o Homem não foi capaz de ver a sua mentalidade evoluir em igual medida ao longo de todos estes séculos. Se é que se pode mesmo falar em/de medições, porque de facto além de evolução em determinadas áreas terá também havido retrocesso noutras, como são exemplo a questão dos direitos humanos dos emigrantes e refugiados, e a aceitação da orientação sexual "atípica" de muitas pessoas. Já nem aprofundarei o meu parecer (ficará para uma publicação furura, disso não tenho dúvidas) quanto à Religião - sem sobra de dúvida parte fulcral da explicação para compreendermos este ponto em que se encontram hoje as coisas, a meu ver -, que nem tão pouco poderia permitir ver esquecido o (extra)ordinário papel que tem revelado ao longo dos tempos entre nós. Ou por outra, entre muitos dos meus semelhantes (prefiro dizer assim).
Diria que esta crise me ajudou a compreender coisas que talvez não entendesse assim tão bem como pensava... a vê-las com outros olhos. Pelo menos. Até porque me fez alcançar uma verdade quiçá demasiado simples e evidente: que eu sempre vivi em crise. É esta uma estranha sensação que me perturba, pensar que o Homem pode estar condenado à extinção pelas suas próprias mãos. E se não resolvermos a maior crise de todas?
Faço votos que todos os familiares e amigos tenham um ano novo bom, mas sei que há partida é difícil. Não estamos preparados - e não falo por mim de certeza - para ter um presidente dos EUA negro; Obama sabe melhor que eu que corre risco de vida. Pergunto-me então se não estará a Al-Quaeda a vencer a guerra do Afeganistão, travada pelos estado-unidenses - pelo mundo ocidental em massa, melhor dizendo - contra o terrorismo, o fundamentalismo religioso (islâmico, no caso); contra todos os valores morais, éticos, deontológicos que encerra e difunde, enfim. E é que ninguém me tira da cabeça a ideia de que, mais dia menos dia, os árabes estão a invadir a nossa Península Ibérica para a a reconquistarem e libertarem dos cristãos infiéis e impuros. A ideia, apesar de horrível e de me assustar bastante, teria talvez como lado postitivo proporcionar ao Presidente da República um motivo verdadeiramente merecedor de séria comunicação ao país...
Faço também votos para que em 2009 votemos de facto nas eleições que se vão realizar, pois nunca como agora - expressão mais que batida, mas que, vá-se lá saber porquê, nunca deixa de fazer sentido -, acredito, foi tão importante que nos fizéssemos ouvir. Quem sabe seja desta que fazemos da democracia e do regime uma verdadeira re(s)pública. Além disso, talvez nunca como agora tenha havido tanta gente a pensar como eu - que muito há para mudar, começando pela mentalidade. Estou perigosamente maravilhado, estou... expectante quanto a 2009! E que a esperança também comemore passagem de ano...