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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

percepção

O nosso mundo não pára! Pouco depois de me comprometer contigo a revitalizar este espaço, vi-me sem esperar obrigado a adiar isso: 2011 começou cheio de novidades e distrações. Algumas das quais parecem, aliás, ter vindo para ficar. Precisando: se por cá tivemos umas presidenciais surpreendentes, lá fora impõe-se-nos continuar seguindo com todo o interesse aqueles vinticincoabrilescos acontecimentos por terras do Norte de África.

Comecemos pelas presidenciais: foi uma surpresa agradável a votação no candidato que apoiei, Fernando Nobre. Devo mesmo dizer que foi grande alegria pessoal testemunhar sempre que me possível a evolução do discurso e do ideário do candidato, ao mesmo tempo que pude efetivamente sentir, em bom rigor desde a pré-campanha, uma crescente identificação com a suas concepções e interpretações sociopolíticas. Mas mais que isso me surpreendeu, ainda assim, a maior votação no candidato madeirense que no de Viana do Castelo - e isto para já não referir a penosa, infeliz reeleição à primeira do nosso Presidente da República. De facto, no meu caso não seria necessário nascer duas vezes, pois não só não lhe invejo a tão auto-proclamada honestidade como ainda não me falhou a memória - como certamente ocorreu a grande parte dos que, não sendo da sua área política o escolheram, esquecendo portanto a sua incoerência e posições retrógadas e silêncios, do Estatuto dos Açores à Lei de financimaento do Ensino Superior etc.. De facto, para esta maioria cavaquista/neocavaquista perceber que ele não era a melhor opção não foi possível à primeira vida, e daí a coisa ter-se resolvido à primeira volta. É que nem tão pouco fôra o voto útil, nomeadamente para se evitar a tal dispendiosa, prejudicial segunda volta... Mas enfim: rancores à parte, os discursos de vitória falaram por si!

Olhando agora para o Norte de África: ainda é cedo para me juntar àqueles que vêem lá uma bemaventurada reedição epidémica do nosso 25 de Abril: não que me falte a vontade, mas porque não são realidades minimamente comparáveis: falamos de países com cultura social, política e religiosa de tal modo diferente à nossa... O que me faz ser céptico quanto a uma democratização a curto-prazo, e mesmo quanto a um desfecho por demais positivo destas primeiras movimentações. Logicamente que os cidadãos tunisinos, egípcios e outros que tais têm o direito de se juntar a outros povos de todo o mundo - mas não a todos, temos infelizmente de reparar - neste século XXI. E pensar que eu há muito vinha preconizando uma nova invasão árabe da nossa Península Ibérica. Não me ocorreu, de facto, foi que principiasse desta forma...