O que apraz partilhar
sábado, 3 de setembro de 2011
essência
quarta-feira, 6 de julho de 2011
primazia
Por estes dias tenho aproveitado boa parte do meu tempo a procurar as minhas origens. Isto porque – algo por acaso, até – descobri que há uma quantidade substancial de informação sobre batismos, casamentos e óbitos no meu município a partir do sítio da Direção Geral de Arquivos. Estes registos paroquiais apresentam, regra geral, informação mais completa e detalhada do que eu pensava; foram os de batismo e casamento tornados obrigatórios pelo Concílio de Trento em 1563, e os de óbito em 1614. Nalguns destes últimos podemos mesmo encontrar as causas de morte, e até o amargor dos parochos para com a falha incúria dos cirurgiaõs, que assim terão impedido os falecentes de receberem o sacramento da extrema-unção. Verdadeiramente fascinante!
Algumas horas de leitura permitiram chegar já a umas quantas conclusões: o meu apelido foi, com efeito, sempre incomum naquelas terras; há fortes indícios de que seja de proveniência espanhola; a zona que habito foi consideravelmente mais importante e habitada até à Iª Guerra Mundial; a variedade de nomes próprios no concelho era muito maior: Tertuliano, Ubaldo, Ventura, e Balbina, Casemira, Felizarda – alguns dos muitos exemplos possíveis.
O facto de ter tido Paleografia contribuiu para que a familiarização com vários tipos de escrita ocorresse com certa rapidez. Ainda assim, há sempre uma ou duas dúvidas pontuais, muitas vezes devido ao mau estado de conservação dos cadernos de assento: em mais antigos há mesmo bocados de folha em falta, devido à decomposição absoluta, irreversível, das folhas. Informação essa irrecuperável. E a minha prévia noção disto mesmo, atestada agora enfim, sustenta quanto baste o meu ponto: que deverá proceder-se o quanto antes à digitalização de todos os documentos afins, bem como à sua preservação e restauro, por um lado, e, por outro, à transcrição da informação neles contida.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
convocatória
Estamos a escassos dias das eleições. E perante um cenário que há muito não acontecia – não sabemos qual dos grandes vai ganhar. Neste sentido, aplaudo a decisão conhecida hoje pelo Tribunal de Oeiras, favorável aos pequenos partidos. Porque só puderam ter frente-a-frente os com representação parlamentar, se os partidos a concorrer são 17, e não 5??
Já tive ocasião de exercer antecipadamente o direito de voto, por ser estudante deslocado. O ato não me tomou nem 5 minutos; muito mais que isso gastei a conseguir informar-me devidamente do processo: na junta de freguesia ensinei cortêsmente à funcionária (princípio de Maio) que existiria o voto antecipado... e que já existia o portal do eleitor. Já na secretaria da minha faculdade (na passada segunda-feira) ajudei a esclarecer o processo: afinal, ao menos em Lisboa, não tivemos de aguardar a deslocação ao estabelecimento de ensino do presidente da câmara municipal ou seu representante, mas sim que ir até ao edifício camarário do Campo Grande. Eu até compreendo a diferença no caso de Lisboa, a capital (pobre dr. António Costa, se tivesse de calcorrear todos os espaços, um por um!); e sejamos pragmáticos: afinal o que importa é que possamos votar, seja como for. Só condeno a falta e inoportunidade de informação.
O meu apelo é só um: o rotativismo está falido, e a composição do parlamento fixada em 5 falha. O PS é incompetente, e já ninguém acredita no PM do PS derrubado pela oposição, mas que afinal pediu a sua própria demissão; o candidato do PSD é demasiado flexível, e rodeado está por muitas e pouco confiáveis pessoas; o candidato do CDS é tão popular quanto... populista. O candidato comunista é uma cassete mais que estafada; o candidato do BE é uma desilusão, por não ter percebido que já chegou mais que na hora de ser o CDS da esquerda, isto é, um partido de governação aliável ao PS, com ou sem Sócrates tanto daria. Ora, passados 35 anos desde 1976, parece-me que já tivemos o suficiente desta configuração nos seus traços mais gerais e estatizados (duplamente, leia-se). Por isso, ousemos enfim remodelar a casa nobre da democracia: dia 5, vota o que quiseres que não um daqueles 5 – vota útil.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
anuência
quarta-feira, 23 de março de 2011
enfado
Eis-nos então chegados, repara bem, ao tão previsível e tétrico (a)final. Oh, que por esta Europeia Periferia dias surreais são os que se vivem!: o Governo vai-se (abaixo) por astuciosas e inconsequentes polítiquices. Lá que o PM foi esperto em provocar isto sem levar o quarto Plano de Estabilidade e Crescimento ao parlamento antes de o apresentar como garantido à Europa, lá isso foi. Só não lhe tiro o chapéu porque já mo comeram as traças em expeculação. Mau: é que foi isso prova de "vis baixezas", como poderia aliás vir reforçar certa personalidade. Olha: são Cavaco nos dê pa-ciência!
Deixo-te aqui de fora as explicações técnicas do dito PEC IV para os verdadeiramente peritos - e isto fazendo boa fé de que os há. Concentremo-nos portanto na contracapa do amargo âmago da questão - a Crise Política. Porque no entretanto será devolvida a palavra aos cidadãos, é de todo o interesse que venha a ficar decidido se se quer manter o rumo de certa austeridade, e tal mais diferentemente até do que muitos incautos e desavisados pensarão à partida; ou se queremos um outro tipo de austeridade - que, em bom rigor, seria mais eficiente. Eu neste particular, devo dizer-te, encontro-me dividido: porque, sendo mais pro-PS que pro-PSD, não partilho da visão de que isto - sejá lá o que for, e como e quão mau estiver - vai lá sem o FMI. Não ignoramos que "Austeridade" é conceito que, para lá de familiar, se tornou parte do nosso quotidiano. Ora, como pude já dizer a alguns, parece-me que a pergunta que se impõe a todos de momento é o que é preferível: se uma austeridade progressiva, independentista porque nacional, soberana, mas que não nos tem dado a mínima garantia de valer o esforço nem o mínimo vislumbre de fim definitivo; se uma austeridade imposta pelo Exterior, de certo mais dolorosa pelo ortodoxo que necessariamente a caracterizaria e ainda assim melhor capaz de garantir a valência de todo esse esforço com benignos retroativos num certo e não tão distante devir.
De todos os cenários constitucionalmente previstos, aquele que prefiro seria o de uma recusa do PR em conceder a demissão pedida pelo próprio José Sócrates, já que assim manteríamos um Governo normal, logo não teriamos em seu lugar um de gestão até às eleições de Maio ou Junho. Esta opção é a única que admito a bem daquela coisa de pai incógnito e filhos desconhecidos que tão presente está no discrurso político atualmente - falo, claro está, do interesse nacional -; dado que só assim poderia entrementes Portugal permitir-se ora um regular funcionamento das instituições democratistas, ora a real capacidade do Executivo respeitar os seus compromissos eur... internacionais. Confesso que, depois de certo esforço, lá me habituei a pensar em Euros.
Uma expetativa genuinamente a priori para o desfecho de tudo isto? Diria que neste momento, independendentemente dos méritos e deméritos de cada ator político, há 70% de probabilidade de Sócrates ser reeleito, com minoria. Cenário que, a acontecer, poderia ainda assim significar um governo de coligação PSD/CDS-PP ou, menos provável me parece, de bloco central. Para manter esta imporantíssima vantagem inicial, o PS só precisaria de se focar, como estratégia eleitoral, no propósito de jogar com o que é conhecido versus o desconhecido para as pessoas. Concretizando: fazer passar a imagem, a mensagem de um PSD liberal, que vem pôr fim ao nosso querido e decadente Estado Providência. Afinal, quantos estão dispostos a dar o benfício da dúvida aqueloutro, o nosso Passos do séc. XXI, homem sobre o qual paira a suspeita de tentar, primeiro na senda de uma reforma constitucional agora retida e depois executivamente, pôr fim ao despedimento por justa causa (lexicalmente falando, ao menos, tanto quanto nos foi possível aferir), ou reformar "antissocialmente" os sistemas nacionais de saúde e de educação? E o Paulo Portas, é fiável? E a Esquerda ao PS séria e responsável, lhe alternativa: qual é?... o que é? Pena tenho eu que Os Verdes não concorram sós (e que os monárquicos não elejam um deputado sequer, já agora, mas enfim).
Irra, malvado rotativismo! Mas também não se pode ter tudo - nem seria desejável a um povo de que se diz viver acima das suas possibilidades! -: se isto não está como na 1ª República, aos milagres limitados da pertença à União Europeia o devemos. A ver vamos no que tudo isto dará, que uma coisa já é certa: isto de Portugal é para continuar: que se "há mais vida para lá do défice", haverá também mais politiquice para lá da crise.
domingo, 13 de março de 2011
protesto
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
percepção
domingo, 9 de janeiro de 2011
entrega
O que é o tempo? Existe de facto? E porque o contamos como contamos, e consideramos como consideramos?
Acho que vivemos altamente enganados, prejudicados, já que dependentes da compromissividade que nos é imposta pelo relógio. Sem possibilidade de escolha. E contudo, se é verdade que o passado nos atormenta aqui e ali, também acontece temermos o devir!
Um dia alguém terá capacidade para fazer o comum das pessoas perceber que o tempo é o que fazemos dele. Oxalá esse momento não tarde!