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domingo, 26 de julho de 2009

noção

Muitas são as ideias mais ou menos lógicas, mais ou menos complexas que me passam pela cabeça, como já tive oportunidade de te dizer. Algumas, acredito, interessantes ao ponto de decidir partilhá-las aqui. Contigo e por nós. Exercitemos, por isso, o nosso raciocínio uma vez mais.
O conceito de liberdade, sobre o qual venho reflectindo de há uns tempos para cá, e com o qual me vou entreter a falar-te agora, reveste-se para mim de singularidades que, se por um lado me ajudarão a entendê-lo, por outro poderão não me ajudar em igual na capacidade para explicar-to.
Considero que a liberdade, enquanto direito e dever, enquanto honra meritória ou imposição social, não existe. Que não podemos sequer procurar colectivizá-la, nem tão pouco enquadrá-la social, politicamente – porque só faz sentido na esfera privada, quero dizer, individualmente, sem dúvida em cada um de todos nós. Considero portanto que só podemos falar de liberdade, quanto muito, enquanto sentimento: sentimento esse que, creio, se quer apaixonado, voluntário; que, em função da sua (maior ou menor) intensidade, pode traduzir a nossa capacidade capacidade – ou, por outro lado, a ausência de tal – de, em dado momento, sabermos ser, estar em harmonia ora para connosco próprios ora para com a sociedade.
(Ainda mais) Pessoalmente, poderia definir a liberdade como prova pessoal de perfeição em constante e desejado aperfeiçoamento: partindo do princípio que a perfeição é, na realidade, todo o ponto de partida – e não o de chegada – (e disto falarei num outro texto, no futuro, com a atenção que lhe acho justa, porventura premente até), agrada-me a ideia de estar preocupado em fazer as minhas escolhas, tomar as minhas decisões do modo mais inteligente, útil e proveitoso para mim. E para os outros, eventual e desejadamente. E sempre que possível e se justifique.
Como pode, então, a liberdade ser alvo de tão hábil manipulação pelo Homem, em particular por homini politicus? Procuro desmascarar a verdade por via do seguinte raciocínio argumentativo, completamente verosímil e lógico para mim: porque, e como pode nascer o Homem em liberdade, sem nem teve a liberdade para escolher nascer?
Diria que daqui se depreende haver liberdade para deturpar a própria percepção de liberdade, mas não nos iludamos: liberdade não significa o mesmo que permissividade. Errada e maliciosamente parece omitir-se o seu lado restritivo – o “responsável”! – sem o saber conscientemente. Ou, pelo menos, assim sou levado a pensar. Ter liberdade não é tudo, mas é claramente uma sua parte importante.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

senso

Gostaria de falar sobre senso – bom senso. Uns saberão do que se trata, outros não, mas a verdade é que não há ninguém que negue conhecê-lo. Possuí-lo, mesmo. Então pergunto: será que todos sabem o que é? E se sabem, será não o demonstrarem uma escolha racional e voluntária, vulgo opção?
Creio que sei o que é este tal de bom senso, e mais: acho que até costumo tê-lo nas várias situações sociais, digamos assim: de uma conversa informal com pessoas da minha idade e conhecidas a uma conversa formal, com pessoas mais velhas e mais estranhas; do comportamento solicitado na sala de aulas ao comportamento exigido num funeral; das palavras utilizadas entre amigos às desejadas proferir, sem concretização, aos que o são menos – muitas são as combinações possíveis, claro.
Eu considero-me bem-educado, gentil, respeitador e capaz de decidir em função dos melhores interesses, que podem nem sempre ser (exclusivamente) meus – é isto ter bom senso, para mim. Simplesmente, não concebo nem me admito tratar os outros como eu gosto que me tratem. (E por isto, compreendes, ninguém me deve censurar.) Mas admito, contudo, que haja outros comportamentos possivelmente até mais capazes que o meu para o atingir... e é por isso que, caso abdicasse da minha combinação – noção, aliada à actuação lhe conforme, digo –, estaria a revelar falta de personalidade, por exemplo; mas, e sobretudo, estaria a revelar também falta de consideração por mim e pelos outros… e pelo nosso bem-estar! Porque, de facto, no meu mundo não sou só eu – sou os outros também, em parte. (E isto independentemente da minha vontade e dessoutras, terceiras). Eis então os motivos pelos quais não o fazer também é, apenas e afinal, uma questão de bom senso.

semelhança II

Foi com surpresa que há dias descobri que o movimento independente concorrente às próximas autárquicas em Marvão não irá ser o único. Na verdade, nem terá sido o primeiro a surgir.
Em http://www.juntospormarvao.org/ podes conhecer o outro, formado há mais de um ano pelo que percebi, sendo candidata a presidente da câmara a bióloga Madalena Tavares, ex-vereadora do tempo do executivo socialista de Manuel Bugalho.
Por comparação ao movimento independente rival fiquei bem impressionado, o que não significa que já tenha decidido o meu sentido de voto. Até porque o mais importante é que o concelho beneficie com a disputa autárquica que se adivinha para este Verão, e simplesmente não posso estar seguro disso: tenho a certeza que Marvão não tem capacidade, pelas suas gentes e dimensão, para suportar um Verão tão "quente". Oxalá me engane.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

semelhança

Tem-se verificado um crescimento do número de candidaturas independentes às autarquias, como poderás ter reparado já. O que me leva a falar disto aqui é a chegada do fenómeno ao meu município, a linda vila de Marvão.
Em http://www.movimentopormarvao.com/ poderás ver por ti, se te apetecer… e descobrir que, apesar de tudo, em toda a semelhança há uma certa originalidade. Ou não estivéssemos nós a falar justamente de Marvão!...
Eu vi com interesse, curiosidade e vontade, naturalmente, qual munícipe devoto. E é mesmo nessa verdadeiramente imensa qualidade que passo então a opinar: do que vi, creio que as pessoas parecem genuinamente entusiasmadas, pois está ali mais do que um simples site em Flash com ligações a vídeos algo futuristas e artísticos no Youtube mas… isto por si só não basta: parecem-me, igualmente, pouco preparadas para assumir tamanha responsabilidade como o é, afinal, uma gestão autárquica: temos distribuidoras de doces, serralheiros e empregados de mesa a participar na corrida eleitoral, entre outras surpresas. Insuficientes, porque logicamente estas pessoas carecem de preparação, e não me parece tolerável qualquer estágio de iniciação administrativa autárquica, porque ao fim e ao cabo é isso que estará em jogo.
E tal independentemente de que autarquia estejamos a falar; mas talvez principalmente no caso de Marvão, que seguramente precisa de gente tão motivada quanto capaz para levar o concelho a voos mais altos. Voos esses de que injustamente carece, mas que tão justamente merece: mais indústria, mais reconhecimento do património, mais promoção cultural concelhia e melhores acessibilidades viárias são apenas alguns. E para minha infelicidade não é com um Movimento por Marvão que vamos lá, mas com Marvão Em Movimento.
Em todo o caso dou os meus parabéns à iniciativa, e deixo o meu desejo de que todos os marvanenses, entre os quais me incluo com orgulho, cumpram o seu dever de pronunciação nas eleições autárquicas deste Outubro.