Cravo de Abril.
Liberdade desejada
Que sopra ao pátrio vento.
--
Tormento feito luz, momento teu!
Cravo que seduz; e que se compadeceu
De mim, nesta portuguesa cruz que esqueceu.
Nesta ânsia repetida de reviver o que tanto nos doeu.
--
Liberto vieste e refém te tornaste, ó cravo que já tanto amaste.
Liberto vieste; liberto ficaste uma vez mais, porque assim o quiseste.
Ó Cravo: meu vermelho e verde cravo... Oh, que espelhas o meu Portugal!
Se de mim te lembraste sem de mim perguntar, vê pois como ficaste!
Afasta-te dos que te querem renegar, anda: junta-te a mim.
--
Partiste a ditadura que minha alma secara;
Feito insuperável que não se esgota...
Flor que minha alma conforta!
--
Insurge-te uma vez mais.
Dá voz aos desiguais,
Cravo de Abril.